DISCIPULADO E SUA EFICÁCIA

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INTRODUÇÃO:

No livro de Lucas 24:13-35, observamos que depois da morte de Jesus os discípulos ficaram amedrontados e se esconderam. Estes dois discípulos, um chamado Cléopas e outro que não cita o nome, estavam voltando para suas casas. Provavelmente acharam que sua missão como discípulos havia acabado. Foi neste momento que o Mestre Jesus apareceu para eles no caminho.

O discipulado é o estilo de vida de quem anda com Jesus e com outros discípulos. Muitas pessoas conheceram Jesus, mas não o seguiram de perto, por isso não foram seus discípulos. Alguns chegaram a ser curados e libertos, contudo ficaram sem a bênção da Salvação.

QUEM SEGUE O DISCIPULADO COMO ESTILO DE VIDA:

Não anda sozinho porque segue alguém e é seguido por outros;
Fala e ouve a Palavra de Deus em todo tempo;
Persevera mesmo em situações difíceis;
Vive em Comunhão com Deus e com os irmãos;
Tem Visão Espiritual e discernimento;
Seu coração arde aquecido pelo Espírito Santo;
Anuncia o Evangelho por todo lugar que vai.

O QUE É DISCIPULADO?

O conceito de discipulado, segundo o Dicionário Aurélio é um estado de aprendizado temporário de pessoas que recebem instrução de outrem, na visão do Rev. John Stott, o discípulo de Cristo é todo seguidor leal aos ensinamentos de Cristo, neste caso o termo discípulo de Cristo é mais profundo do que o termo “cristão”, utilizado normalmente.

Um dos grandes pilares da reforma protestante em meados do século XVI, defendido por Martinho Lutero em uma das suas 95 teses era que cada membro da Igreja podia ouvir de Deus, falar com Deus, ser usado por Deus, e não somente o clero. Entendo isso como cada membro ser um ministro de Deus, apto a servi-lo.

Sendo então cada membro é ministro, um sacerdote, tem-se a necessidade de treinar, ensinar, capacitar, disciplinar, acompanhar cada membro da igreja, para que o mesmo exerça seu chamado, e isso se dá por meio do discipulado. Para que cada membro cumpra com o propósito de Deus é preciso que cada membro do corpo de Cristo seja então discipulado.

O discipulado genuíno que deve ser praticado na igreja é baseado no discipulado de Jesus, pois a igreja primitiva nasceu desse discipulado. Os apóstolos foram os primeiros discipuladores da igreja e, através deles, milhares de discípulos foram formados. O discipulado é, portanto, o meio de formar discípulos de Cristo até hoje.

Jesus antes de ser assunto ao céu deixou a seus discípulos uma ordenança em Mt 28.19-20 - PORTANTO, VÃO E FAÇAM DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES, BATIZANDO-OS EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, ENSINANDO-OS A OBEDECER A TUDO O QUE EU LHES ORDENEI. E EU ESTAREI SEMPRE COM VOCÊS, ATÉ O FIM DOS TEMPOS", onde Jesus ordena a seus discípulos irem por todo mundo fazendo discípulos, batizando-os e ensinando-os as guardar as coisas que ele os tinha ordenado durante seu meu ministério terreno.

Tomando por base a ordem de Jesus, o discipulado cristão é a forma pela qual os discípulos de Jesus iriam fazer outros discípulos dele, ensinando a esses novos discípulos seus ensinamentos, seus preceitos, suas vontades, e aquilo que vai dentro do coração de Jesus.

O Discipulado antes de tudo é um relacionamento entre um discipulador e seu discípulo, entre um mestre e seu aprendiz, a fim de transmitir conhecimento, maturidade, ensinamentos para o crescimento da vida cristã e no conhecimento de Deus, através de um relacionamento pessoal e próximo. O maior intuito do discipulado é levar o discípulo ao caminho da maturidade cristã e fazendo com que cada um se torne um discípulo de Jesus. Esse deve ser o alvo final do discipulado, levar as pessoas a serem discípulas de Jesus.

Discipulado é um compartilhamento de vida através de relacionamentos que passam pelo crivo da Palavra de Deus. Esses vínculos, porém, geram alguns ônus para as partes envolvidas. Há um alto preço a ser pago que implica, muitas vezes, em tomar decisões e cumprir objetivos.

O objetivo do discipulado é formar novos discípulos de Jesus, edificar a vida uns dos outros, e tornar cada membro da Igreja alguém maduro em Deus, que se relaciona com Deus e com os irmãos de uma maneira bíblica, segundo a própria vontade de Deus.
O alvo do discipulado hoje é levar cada membro da igreja a praticar a Palavra de Deus, bem como ensinar a praticar a visão como igreja, e formar o caráter de Cristo na vida dos discípulos.

Como o discipulado trata-se de um relacionamento com proposito, o discipulado deve ser por toda vida, recebendo e transmitido à vida de Deus, a outras pessoas. Foi assim que Jesus disse que faria discípulos, ensinando-os a guardar tudo o que Jesus ensinou, logo o discipulado deve sempre acontecer de uma pessoa mais madura para os mais imaturos.

EFICACIA DO DISCIPULADO

Discípulo de Cristo é todo aquele que de maneira consciente e responsável submete-se a sua disciplina, focando somente na Cruz de seu salvador. Este indivíduo deixa de lado todos os seus princípios e os aprimora a partir dos aplicativos eternos do Criador. Hoje muitos falam sobre Cristo, mas são poucos os que realmente estão dispostos a viver a proposta de Jesus através do seu discipulado pessoal. 

Aquele que deseja viver o projeto de ensino de Cristo, primeiro deve se dispor a abandonar sua existência, deixando de viver sua vida, para que o Crucificado viva nele e usufrua de sua existência para apresentar-se á humanidade. A vida que recebemos não é uma existência qualquer, mas é a própria vida do Deus encarnado em nós. 

Gálatas 2:20 - “... LOGO, JÁ NÃO SOU EU QUEM VIVE, MAS CRISTO VIVE EM MIM; E ESSE VIVER QUE, AGORA TENHO NA CARNE, VIVO PELA FÉ NO FILHO DE DEUS, QUE ME AMOU E A SI MESMO SE ENTREGOU POR MIM ...”.

Caro leitor, se o seu desejo é evidenciar Cristo em nossa geração então deve aprender a discipular como Ele, ensinar como Ele e viver como Ele vive, qualquer coisa fora desta prática é uma deturpação piegas do maravilhoso Evangelho da graça. O caminho do discipulado é um caminho maior do que nossa existência, é um caminho de vida, nossas vidas por outras assim como o nosso Redentor. 

O ensino cristão é simples devemos entregar as nossas vidas por outras assim como Cristo fez, enquanto não compreendermos este simples princípio, não estaremos aptos para desfrutar da majestosa grandeza do Evangelho de Jesus. Pense nisso, seja aperfeiçoado pelos aplicativos eternos do Criador, se deixe levar na rede de amor iniciada na Cruz de Cristo e vá e faça discípulos como o Mestre ordenou.

STRESS, TRABALHO E ESTILO DE VIDA DO PASTOR


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INTRODUÇÃO:

O stress em pessoas que trabalham na área de relações humanas tem sido alvo de estudos de profissionais que se preocupam com a qualidade de vida e com o modo de se lidar com essa questão.
 
O stress pode ser visto como resultado direto da relação da pessoa com o seu meio ambiente, e pode tomar diferentes formas para diferentes pessoas.
 
Os líderes religiosos não estão isentos das pressões do cotidiano e diversos autores têm discutido questões que envolvem a saúde física e emocional desses líderes e a sua relação com o stress.
 
O objetivo desta pesquisa foi compreender as possíveis conseqüências do modo de viver do ministro religioso nas diversas áreas de sua vida, seja profissional, pessoal, familiar.
 
Para tal, com a colaboração de doze pastores de igrejas históricas, independente de idade, tempo de ministério ou denominação religiosa, realizaram-se entrevistas dirigidas acompanhadas de um questionário.
 
As respostas demonstraram marcantes similaridades entre os aspectos que os pastores consideraram estressores em suas vidas, tais como a solidão, a dificuldade para lidar com conflitos, a qualificação profissional insuficiente, dentre outros.
 
O estudo não pretende ser conclusivo. Contudo, espera-se que as reflexões geradas sejam de utilidade para a vida pessoal de pastores, seminaristas, dirigentes de escolas teológicas e demais interessados no tema.

 O que é STRESS?

Uma relação particular entre uma pessoa, seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar”. (França, 1996)
 
Essa relação é, portanto uma resposta do organismo. As reações são adequadas à demanda e independem de controle: a amígdala (situada acima do tronco cerebral)  envia ao córtex cerebral ordem de despejar hormônio do stress no organismo.

STRESS BOM = EUSTRESS (atividades prazerosas: cansaço e recuperação)

STRESS MAU= DISTRESS (reações prolongadas demais, inadequadas, gerando doenças)

SAG – Síndrome da Adaptação Geral: é  um conjunto de alterações que estimulam as defesas orgânicas e que ocorrem durante o tempo em que duram os agentes estressores.

Exemplos:

• Liberação de cortisona das glândulas supra-renais (para proteção, mas com stress crônico destrói a resistência orgânica).

• Taquicardia (bombeia mais sangue para músculos e pulmões, mas no stress crônico causa pressão alta, ataque cardíaco, etc.

FASES DO STRESS

1) Reação de alarme: é a adaptação natural dos seres vivos, ainda que possa ser exagerada. O retorno à homeostase é relativamente rápido. Sintomas: taquicardia, sudorese, esgotamento,  tensão muscular.

2) Fase de resistência:
prolongamento da reação de alarme. Sintomas: dor de cabeça, perturbações do sono, medo, nervosismo, apetite oscilante, ranger de dentes, queda de cabelo, roer unhas, isolamento social, impotência sexual temporária.

3) Fase de quase exaustão:
o organismo  não  consegue mais resistir ou adaptar-se  e há um colapso gradual. Sintomas: cansaço mental, concentração difícil, perda de memória imediata, apatia, herpes, diminuição da libido, gastrite, úlcera. A pessoa ainda consegue trabalhar, com uma vida relativamente normal, mas com muito esforço e intercalando com  momentos de total desconforto ( a chamada gangorra emocional).

4) Fase de exaustão:
os sintomas são específicos da doença que vier a se instalar, não consegue trabalhar, tem decisões impensadas, depressão. Pode levar à morte.
 
DEPRESSÃO

Segundo Hart, a depressão é considerada  como um risco vocacional para os ministros religiosos, devido as  altas expectativas  que acompanham o ministério religioso. Contudo prevalece ainda uma boa dose de desinformação sobre o processo dessa doença.

Cristãos  não estão sujeitos à depressão, ou depressão é conseqüência do pecado”, são  conceitos ainda vigentes em algumas comunidades.

Na depressão, a serotonina, que é um neurotransmissor,  é recaptada pelo organismo, como numa eclusa (represa ), então os anti-depressivos têm a função de inibir essa recaptação e não são “calmantes” como popularmente se supõe. O tratamento da depressão  exige acompanhamento médico e psicológico.

STRESS x BURNOUT

Alguns autores consideram que o termo  stress se refere a sintomas físicos e burnout a sintomas emocionais, mas de uma maneira geral, burnout e stress têm como causa a má adaptação a um trabalho  com grande carga tensional. No burnout  a pessoa se sente como se “extinguindo”.    

BURNOUT 
 
1 - Desligamento de atividades
2 - Emoções embotadas
3 - Danos emocionais primário
4 - Afeta a motivação
5 - Produz desmoralização
6 - Sensação de perda de ideais e esperança
7 - Perda de ideais e esperança
8 - Sensação de impotência e desesperança
9 - Paranóia, despersonalização, 
       desligamento          
10 - Não mata, mas torna a vida sem valor        

STRESS
 
    1 - Hiperatividade
    2 - Emoções superativadas
    3 - Danos físicos primários
    4 - Afeta a energia fisica
    5 - Produz desintegração
    6 - Sensação de perda de combustível   energia   
    7 - Depressão causada pela falta de 
         energia física
    8 - Senso de urgência e hiperatividade 
    9 - Pânico, fobia, ansiedade
  10 - Pode matar prematuramente
    
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Indicadores da OMS (Sampaio, 1999)

• Saúde física
• Saúde psicológica
• Nível de independência
• Relações sociais
• Meio ambiente
 
Penosidade – O trabalho é considerado penoso quando há sofrimento físico e mental, seja simultâneo ou não.

O stress relacionado ao trabalho apresenta situações com ameaças ambientais, falta de realização pessoal/profissional, com prejuízo de saúde física ou mental decorrente de demandas excessivas ao trabalhador, ou quando este não se sente com recursos adequados para enfrentar as situações.
 
ENFRENTAMENTO DO STRESS – COPING

O enfrentamento ou coping (lidar com)  depende de como o indivíduo administra os fatores aos quais é submetido. Para isso há um esforço cognitivo e comportamental em constante mudança no intuito de controlar a situação.
Coping é diferente de reação de stress: no primeiro a ação passa por avaliação cognitiva, elaborando estratégias para lidar com o stress. Ex.: descanso semanal, férias,  lazer em geral - são atividades planejadas.

A reação de stress – independe de nossa vontade, é comandada pelo sistema límbico como conseqüência de um fator estressor. Na reação  de luta ou fuga há a adaptação necessária automaticamente.
 
DIREÇÃO ESPIRITUAL

Está diretamente ligada ao tema do coping – a pessoa sob orientação de um diretor espiritual lida melhor com o stress.
 
Peterson (2000): orientação espiritual se dá quando duas pessoas se dispõem  a gastar tempo para entender o que Deus está fazendo na sua vida, numa relação que nenhum livro ou fita cassete pode oferecer.
 
Objetivo da D.E. – entender em que situação está sua fé com relação ao julgamento e à graça através de atividades como:

• Ensinar a orar
• Ajudar a discernir a presença de Deus bem no centro de sua vida
• Compartilhar a busca da luz através da escuridão da peregrinação
• Guiar a formação de auto-entendimento que seja bíblico e espiritual e não meramente psicológico ou sociológico. (Peterson,2000)

Todos deveriam conhecer esta verdade: ninguém é dotado de tanta prudência e sabedoria que seja apto a guiar sua própria vida espiritual. O amor próprio é um guia cego e engana muitos. A luz de nosso próprio julgamento é fraca e não podemos divisar todos os perigos ou ciladas e erros aos quais estamos propensos na vida do espírito”. (Peterson, Um pastor segundo o coração de Deus, Textus, 2000, pg 153).

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
 
CARACTERIZAÇÃO DOS PASTORES:

Foram utilizados 12 pastores de igrejas históricas de diferentes localidades do país, independente do tipo de dedicação (parcial/integral), tempo de ministério e idade.
 
Características:

• Idade: 24 a 75 anos
• Estado civil: 11 casados, 1 solteiro
• Tempo de ministério: 1 licenciado, 1 jubilado e os outros entre 8 e 25 anos de ministério.
• Tipo de ministério: 2 com tempo parcial (prof. Seminário e igreja local), 8 em tempo integral, 1 licenciado e 1 jubilado.

Questionário da pesquisa ( 10 questões):
 
Aspectos Psicossociais – questões de número  1 a 5.
Dificuldades no exercício da Profissão – questões 6 e 7.
Qualificação profissional (grau de adequação) – questões 8 a 10.
 
A fim de caracterizar a amostra da qual foram coletados os dados desta pesquisa, a análise das respostas foi conduzida de maneira a identificar, a partir da perspectiva do sujeito,  se há  stress nas atividades pastorais. Para tal, foram consideras as seguintes questões:

1 -Tipo de motivação para o pastorado – Quais os motivos?

Há motivações internas como experiências com Deus  e externas, como influência de familiares e líderes.
 
Predominam como fontes de motivo para o pastorado,  experiências fortes com Deus na adolescência e juventude, marcando predominantemente um campo na relação pessoal com Deus.
 
Também é considerado significativo o número de respostas cuja motivação é de caráter externo como: influência da família, envolvimento pessoal nos trabalhos da igreja e influência da liderança a igreja, combinando ainda  motivos internos com externos (família e experiência pessoal).
 
2 - Qualidade de relacionamento com pares e colegas de trabalho – Como eles se relacionam com a liderança da igreja e seus colegas de ministério?

Predominam dois tipos de relacionamento: um é superficial, marcado pela presença de sentimentos negativos ( excesso de formalidade, competitividade, superficialidade, desconfiança, luta pelo poder) e o outro é um relacionamento considerado bom,  marcado  também por sentimentos negativos.
 
3 - Qualidade do relacionamento com familiares – A família se envolve com o ministério?

A relação com familiares é boa,  procurando não envolver a família nos problemas da igreja.
Isto pode ser observado em frases como “Não me abro em casa,  para preservar a família dos problemas”; “Sinto que gostaria de ter mais tempo para a família”.
 
4 - Qualidade do lazer –  É importante? Há lazer de forma sistematizada?

Aparece, mais acentuadamente, a ausência de lazer ou lazer insuficiente, com dificuldades de sistematizar  essa área da vida. Frases usadas pelos entrevistados: “gostaria de ter tempo para jogar futebol, fazer caminhadas com a esposa”.
  
5 - Saúde – Como é a situação no aspecto  geral?

O comprometimento de saúde física ou psicológica é o que predomina. Frases como  “Tenho problemas com a coluna”; “Sou hipertenso” e “Tive depressão” foram comuns. Apenas um entrevistado declarou não ter problemas com a saúde.
 
6 - Fatores estressores na vida pessoal – Do ponto de vista do entrevistado quais as causas do seu stress?

-  falta de privacidade e tempo para família com sentimento de culpa por esse último;
-  falta de tempo para si;
-  isolamento;
-  pressão econômica;
-  doença crônica familiares/esposa;
-  dificuldades em  planejar atividades, não conseguir planejar o tempo.
 
7 - Fatores estressores na vida ministerial – Quais são os  fatores?

-  solidão;
-  falta de ser pastoreado e de ter amizades profundas e significativas;
-  estar disponível  24  horas por dia;
-  fragmentação de atividades;
-  dificuldade para lidar com pessoas por não ter recebido conhecimento suficiente nas instituições    formadoras;sensação de estar  sempre sendo  observado;
- medo de se expor; expectativas de santidade do clero,  tanto da comunidade quanto da sociedade; competitividade; disputas pelo poder; burocracia inibidora; administração eclesial.

8 - Grau de adequação na qualificação – O seminário prepara para a realidade das igrejas? Sente-se preparado para o ministério em sua totalidade?

Predomina a resposta negativa. Os que responderam haver um preparo parcial  acham que há muita ênfase na teoria, um academicismo exagerado, não havendo visão da realidade das igrejas.
 
9 - Quais as dificuldades nos seminários hoje?

- Não há um trabalho anterior com os  candidatos. Muitos  são enviados sem conhecerem suas próprias motivações (vocação equivocada);
- Não são trabalhadas as questões emocionais do candidato;
- Relação com tutor superficial, muito aquém do ideal;
- Não há  bom clima emocional nos seminários;
- Não há prática espiritual;
- Há um desequilíbrio entre teoria e prática e  o conhecimento bíblico ministrado não tem garantido  bons relacionamentos entre pastor/ministério/vida pessoal;
- Alunos saem extremamente autoritários;
- Professores frustrados com pastorado ministrando a futuros pastores passam uma imagem negativa do ministério;
- Remuneração dos professores aquém das necessidades;
- Forma pastores doentes que podem ministrar para igrejas doentes;
- Nos moldes atuais o seminário  de tempo integral forma pastores que não sabem administrar seu tempo.
 
10 - O que falta nos seminários hoje? O que poderia ser mudado, incluído?

- Falta ênfase em vivência de aconselhamento;
- Falta uma força tarefa entre seminário, presbitério, igreja local, tutor e aluno, oferecendo maior visão do campo de trabalho,  seja evangelismo, missões,  educação cristã ou outro;
- Falta consciência do sofrimento inerente ao pastorado. (A Bíblia, no livro de Isaías traz  textos que apontam para um  servo que vem para sofrer).
- Preparar melhor o candidato antes de enviar ao seminário através de testes de dons, conhecimento de si mesmo e suas motivações;
- Vida de oração;
- Gastar mais tempo  em conversa e aconselhamento entre tutor e tutorado;
- Professores que busquem a melhor conversa, o melhor ambiente na teoria e na prática;
- Definir metas, pois  do modo como são atualmente  os seminários, não formam nem o teólogo nem o pastor, apenas técnicos  nas Escrituras Sagradas;
- Mestres que conheçam a vida comunitária e seu coração;
- Levar o aluno a conhecer a fundo o comportamento humano através de um bom conhecimento de psicologia;
- Maior conhecimento bíblico integrado com a prática  pois a bíblia trata do relacionamento de Deus com o ser humano e do relacionamento entre os seres humanos, logo, conhecimento bíblico que não provoca relacionamento é falso;
- Fundir teologia acadêmica e teologia pastoral.
 
Conseqüências para a igreja local

Este texto não fez parte da pesquisa, mas observei que ao mesmo tempo em que a pesquisa ia se desenvolvendo, algumas pessoas ou grupos também se ocupavam com o tema, ainda que de um outro ângulo.

Artigos e livros produzidos por profissionais da área de psicologia ou pastores, juntaram-se à ação de dirigentes de seminários numa dinâmica, sobre a qual talvez Jung, em sua teoria da sincronicidade, tivesse algo a dizer.

Como cristã, tenho visto  a providência divina em muitas áreas de atuação do povo de Deus, mas o certo é que muitas coisas estão sendo feitas, no sentido de tratar a questão do stress no ministério religioso.

Em entrevista com Reverendo Adão Carlos   (diretor do SPS em Campinas SP desde janeiro  de 2002), ele  revelou que em conseqüência de observações ao longo de seu ministério, vem implantando naquela instituição mudanças significativas no sentido de sanar alguns problemas.
 
Na sua opinião, quando um pastor não lida corretamente com as dificuldades, a igreja sofre:

• Insegurança – o rebanho fica inseguro.
• Desorientação – Não há sinalização quanto ao caminho a ser seguido.
• Divisão interna – nos conflitos, as pessoas tendem a se posicionar ao lado do pastor ou de seus desafetos.
• Inimizade – em decorrência do posicionamento no item anterior.
Geralmente a crise provoca a saída do pastor ou pode ocorrer  divisão da igreja.

Tendo em vista essas observações, as mudanças visam preparar melhor o aluno para o trabalho em campo, através de:

• Estágios desde o segundo ano em igreja local, em capelania de  hospitais através de convênios com Hosp. Samaritano e Unicamp, com acompanhamento do capelão e em instituições sociais.
• Reuniões simuladas de Conselho e Presbitério.
• Testes psicológicos na admissão do candidato e a partir do qual se desenvolve  um trabalho de orientação e acompanhamento pelo tempo que for necessário.
• Encaminhamento a psicólogo dos casos em que há necessidade.

O ser humano é capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorável, mas esta adaptação não acontece impunemente”.  Lennart Levy



FONTE DE INFORMAÇÕES:

Escrito em abril/2002 ao Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper, Instituto Mackenzie, São Paulo (SP), sob orientação de Calvino Camargo.

Site: http://www.cppc.org.br/