SONORIZAÇÃO CAÓTICA:

11 dicas para o caos não se instalar

"Não deixe pra resolver os problemas faltando 10 minutos pra começar tudo! Chegue se possível e no mínimo uma hora antes, repasse o som, reveja se está tudo OK, peça para o(s) cantor(es) ou instrumentista(s) chegar(em) bem antes. Cobrando as pessoas para que cheguem antes, elas não poderão e nem deverão reclamar depois de algo que não gostaram."

"Às vezes não é a voz que está baixa no retorno, mas sim os instrumentos ou play-back que estão mais altos, formando-se uma armadilha, pois você aumentará mais voz, que poderia já estar alta, quando no entanto a coisa simples a fazer seria tirar volume do play-back ou dos instrumentais. A voz, tanto em retornos quanto no som do P.A. sempre deve estar um pouco mais alta em relação a tudo, seja instrumentos ou play-back, ou seja, de uma forma que ela fique destacada, mas não tão alta a ponto de encobrir play-back e instrumentos."

Bom, você tem um som na sua igreja ou comunidade, que com muito esforço foi comprado através de doações e em várias prestações, e aquele equipamento tem que fazer milagres, fazer com que todos entendam o que o palestrante, orador ou pregador está falando. Você tem que fazer com que o agradável não se torne desagradável, que o sublime não se torne vulgar.

Então em que ponto começaremos?

Começamos então arrumar a casa ou por em ordem o item mais perto de você, ou seja, você mesmo. Bom, mas você pode pensar, a culpa deste caos é toda minha? Não meu amigo, não é toda sua, mas você tem uma parcela de contribuição, infelizmente. Em diversos treinamentos que tenho passado para técnicos de som em diversas igrejas, noto uma certa resistência a novas informações. Alguns insistem em achar que aquilo é aquilo e não outra coisa. Insistem em manter seu orgulho e nunca admitir que sempre fizeram ou fazem algo errado a vida toda por ignorância. Já vi inúmeras situações do tipo:

- Deixarem o Phantom Power ligado, porque achavam bonitinha aquela luz acesa, e não sabiam o que era.

- Fazer um belo desenho no equalizador, achando que existe uma lógica em ter uma letra "U" desenhada no equalizador, ou uma ondinha desenhada lá.

- Achar que sempre falta agudo, quando no entanto os agudos já estão quase queimando os tweeters.

- Achar que ninguém está ouvindo e sempre colocar mais e mais volume.

- Houve uma ocasião, uma situação cômica, em que um técnico de som que se dizia experiente me disse que phantom power é bom ficar ligado, porque ele dobra o som do microfone. DOBRA O SOM DO MICROFONE ? ONDE ? Então o amigo técnico de som responde: mas o vendedor da loja disse isso e aquilo.

Então já teremos ai à primeira forma de trabalhar:

Primeira Dica: Peça opinião a todos

Pois além de você, meu amigo técnico de som e técnico, existem mais dezenas ou centenas de pessoas na igreja que estão ouvindo talvez o mesmo som que você, e eles poderão te fornecer valiosas criticas e valiosos parâmetros.

Ouvir os membros da igreja e pedir opinião a eles é o primeiro e mais importante passo para o sucesso no som da sua igreja. Os instrumentistas são ótimas fontes de pesquisa. Faça uma pesquisa, isso mesmo, peça opinião e não se chateie se ouvir desabafos e extensas reclamações. Dizer a todos que você está pesquisando para tentar melhorar não é humilhante e nem vergonhoso, mas sim é sinal que você se preocupa e quer melhorar, e as pessoas verão isso.

Isso é uma prática freqüente minha, pergunto aos cantores que se apresentam, aos pregadores, sempre estou perguntando, é gratificante ouvir elogios, e mais gratificante ainda é obter novas informações que te ajudarão a saber se você é o problema ou o cantor ou pregador é o problema.

Mas saiba separar o pedir opiniões do obedecer qualquer um que fala qualquer coisa. Tome as opiniões, analise, pense e tome as decisões necessárias, mas não saia mudando o som ao primeiro olhar estranho de cada um. Se for o caso, converse depois com a pessoa para saber o quê ela achou ou se ela percebeu algo que você não percebeu.

Comunicação é muito importante em tudo na vida, inclusive na sonorização. Tentar entender o que as pessoas querem e ser entendido é fundamental.

A Segunda Dica: Estude

Leia artigos, livros, revistas, estudar sobre acústica, periféricos, impedâncias, cabeamentos, caixas de som, mixagem, equalização, consoles, compressores, efeitos, e tudo mais que for possível. Freqüente feiras como Expo-music e AES. Aprenda sobre mesas digitais.

Hoje com a internet existem inúmeros artigos e documentos, alguns em inglês que você poderá usar algum tradutor para lê-los. Ler, estudar é algo imprescindível. Mesmo que a igreja local não te ajude com os custos de treinamentos ou com livros, tenha em mente que seu investimento será em você mesmo, no aumento do seu conhecimento.

Vá às lojas, alugue o vendedor e mexa nos equipamentos. Seu trabalho será recompensado não por homens e nem por elogios que massageiam o ego, mas sim pelo nosso Pai do Céu.

A Terceira Dica: Faça uma revisão geral

Revise todo o seu cabeamento, cheque se suas caixas estão trabalhando em correta impedância com as potências. Verifique se as fases estão ligadas corretamente. Revise os cabos dos instrumentos e de microfones, e não deixe ocorrer ruídos no seu som.

Tente não usar a potencia no volume máximo, pois isso pode criar ruídos do tipo tshhhhh nas caixas de som. Revise também as posições das caixas e veja se a posições estão te fornecendo uma correta referência.

Algumas igrejas têm galerias, onde o técnico de som fica no alto e as caixas ficam em baixo, fornecendo então uma falsa referencia, e isso é terrível. Sei que infelizmente a situação não permite você descer o som todo ou subir as caixas, então te sugiro uma análise, ouvir um cd embaixo na nave da igreja e depois em cima, na galeria, e comparar as diferenças entre médios, graves e agudos.

Lembre-se: um único cabinho em curto pode causar belíssimos estalos e ruídos em seu sistema. Por isso tire os cabos de onde pessoas possam acidentalmente pisar neles. Reveja também as soldas de cabos e conectores.

Quarta Dica: Equalize corretamente

Se possível, tenha um equalizador de 31 bandas para seu sistema de P.A. A partir dele será possível fazer correções de todo seu sistema, inclusive deixar o som lindo ou terrível, tirar microfonias, ou criar várias microfonias.

Os equalizadores são, na minha opinião, um dos itens mais importantes de todo o sistema. Sei que é muito difícil equalizar 31 bandas só na orelhada, mas existem softwares que ajudam a demonstrar. Busque na internet softwares chamados: RTA software, ou Real Time Analizer e que gerem pink noise (ruído rosa) caso você mesmo quiser fazer medições.

Quinta Dica: Cuidado no volume extremo

Existem alguns eventos ao ar livre que são feitos pelas igrejas, nos quais são usados volumes extremos na sonorização. Recomendo a todos aqueles que trabalham com volumes extremos que revejam seu sistema todo, revejam suas potências e caixas e vejam se as mesmas estão com a potência correta.

Se suas caixas de som possuem cada uma 200W RMS em 8 ohms, e sua potência tem uma saída de 200W RMS em 8 ohms então você já tem um sério problema quando for trabalhar em alto volume, pois as potências podem queimar suas caixas e sua potência poderá também queimar.

O ideal é caso você tiver uma caixa de 200W RMS a 8 ohms, que você tenha uma potência que entregue a ela 400W RMS em 8ohms, ou seja, o dobro. Consulte o manual de suas caixas, de suas potências e reveja suas impedâncias e potências (RMS) nominal e de pico. Pois por mais estranho que pareça, é mais fácil queimar seus falantes e seus tweeters por falta de potência do que por excesso.

Sexta Dica: Antecipe-se aos problemas

Chegue Antes! Não deixe pra resolver os problemas faltando 10 minutos pra começar tudo! Chegue se possível e no mínimo uma hora antes, repasse o som, reveja se está tudo OK, peça para o(s) cantor(es) ou instrumentista(s) chegar(em) bem antes. Cobrando as pessoas para que cheguem antes, elas não poderão e nem deverão reclamar depois de algo que não gostaram.

Troque as pilhas/baterias dos microfones sem fio, antes que acabem na mão do Pastor! (Tenham certeza que já vi isso acontecer, e com dois microfones juntos ao mesmo tempo, com o pastor tendo que falar sem microfone em uma igreja que investiu mais de 100.000 reais em som.)

Sétima Dica: Faça o certo

Use estabilizadores e filtros de linha no seu som. Não use instrumentos musicais em entradas XLR de microfone, use-as nas entradas Line. Use sempre cabos e multicabos balanceados. Não use o multicabo para enviar amplificação para as caixas de som, para retornos ativos (amplificados) sim.

Oitava Dica: Equilibre voz e instrumentos

Realmente existem situações onde o cantor parece surdo, e por mais que você envie retorno nele, ele continua a pedir som e mais som. Nessas situações é melhor então você parar tudo (sim, pare!) e pergunte ao cantor: você quer mais retorno do que? De voz? De play-back ou instrumentos? Com essas perguntas, você fará o amigo cantor ou pregador ouvir o que está errado.

Peça para as pessoas interessadas, que estarão utilizando-se do som, para que cheguem mais cedo da próxima vez, assim vocês terão tempo para repassar o som todo. Às vezes não é a voz que está baixa no retorno, mas sim os instrumentos ou play-back que estão mais altos, formando-se uma armadilha, pois você aumentará mais voz, que poderia já estar alta , quando no entanto a coisa simples a fazer seria tirar volume do play-back ou dos instrumentais.

A voz, tanto em retornos quanto no som do P.A. sempre deve estar um pouco mais alta em relação a tudo, seja instrumentos ou play-back, ou seja, de uma forma que ela fique destacada, mas não tão alta a ponto de encobrir play-back e instrumentos.

Estes são erros comuns, por exemplo: momentos de louvor com instrumentos musicais, a voz fica bem mais alta, cobrindo então os músicos. Neste caso, alguns deles aumentariam o volume de seus instrumentos, mas o correto seria abaixar um pouco o volume da voz.

Nona Dica: Mixe corretamente a distribuição horizontal

Use o Pan (botão de panorama, Left/Right) para distribuir os instrumentos na mix, pois todos sobrepostos (no centro) causam som embolado. Por exemplo: Piano mais a direita, violão mais a esquerda. (pois são dois instrumentos que competem entre si). Baixos sempre devem estar com o Pan no centro.

Voz sempre no centro, quando houver só uma voz de cada timbre. Quando houver, por exemplo, um conjunto grande de vozes, você poderá ir distribuindo cada voz no Pan. Exemplo com 4 sopranos: uma à direita (9 horas), outra à esquerda (3 horas), outra totalmente à direita, outra totalmente à esquerda, e assim por diante, com outros timbres (baixos, barítonos, contraltos, tenores, etc.)

Décima Dica: Procure estar bastante atento

Se alguém vier conversar com você no momento em que estiver em atividade na mesa de som, tente deixar o papo para depois, a maioria dos erros ocorre por distração.

Décima Primeira Dica: Sempre peça a direção de Deus

Sempre ore para que tudo ocorra corretamente, peça sabedoria, peça paciência e persistência, peça a Deus que te dirija para que consiga fazer tudo de forma dedicada.

Autor: Marcelo Charles

TÉCNICA VOCAL

O canto é composto por partes: Respiração,articulação, percepção, técnica e interpretação. Antes de entrarmos detalhadamente em cada uma delas, vamos a algumas considerações gerais que são importantes e também fazem parte do ato de cantar:


POSTURA CORPORAL


Temos que sempre ter em mente que quando cantamos estamos utilizando um instrumento musical um pouco mais complexo que os demais: nosso corpo. Você nunca obterá grandes resultados se desconsiderar este fato, pois o mecanismo do ato de cantar está intimamente ligado a diversas partes do corpo, e uma desarmonia em alguma dessas partes prejudica consideravelmente sue rendimento como um todo. Preste atenção no dia-a-dia e veja que nossa voz não mantém uma constância, ela se altera de acordo com situações e circunstâncias que vivemos, principalmente relacionadas as emoções. Portanto as considerações feitas a respeito da parte física do nosso corpo são também reflexo de uma tentativa de harmonizar as emoções e ansiedades que sentimos, fruto de uma rotina estressante, carregada de responsabilidades, compromissos e obrigações.


A postura corporal é muito importante neste ponto, pois quando cantamos precisamos sentir segurança, apoio, que não vêm, desta vez, de fontes externas, como um diploma ou uma conta bancária farta, e sim do nosso próprio corpo. Distribuindo o peso do nosso corpo entre os dois pés, observando em seguida um encaixe perfeito da cintura pélvica (quadril), em equilíbrio com os ombros e mantendo um ângulo de 90 graus para o queixo, podemos aproximar-nos de uma figura em equilíbrio. Mantenha ainda os joelhos levemente flexionados, e tenha certeza que a velha postura militar de peito para frente, barriga para dentro, joelhos para trás e calcanhares afundados no chão é extremamente desconfortável, falsa e prejudicial à saúde, pelas altas tensões musculares proporcionadas.


O PESCOÇO


A postura do pescoço está determinada pelos pés, joelhos, eixo corporal e pelo equilíbrio da cintura com os ombros. O pescoço necessita estar alinhado com a coluna, sem estar caído para a frente e muito menos para trás, mas sim perfeitamente equilibrado dentro do eixo corporal. Se o pescoço estiver alongado para cima, o trato laríngeo também estará alongado, passando a trabalhar em condições precárias; se estiver enterrado no peito, igualmente o trato vocal se vê aprisionado e sem possibilidade de realizar seus movimentos específicos.


ARTICULAÇÕES


Se as articulações estiverem muito tensas, no máximo de seu estiramento, é bem provável que o cantor tenha problemas na emissão das palavras e na produção da voz, portanto o relaxamento das articulações e músculos é fundamental estar presente na rotina de nossa vida.


RELAXAMENTO


A produção sonora do ser humano está ligada orgânicamente como um todo; desde a postura corporal ao funcionamento íntimo de órgãos e sistemas biológicos, ao desempenho do padrão de pensamento de cada um, ao tipo de cultura que envolve o indivíduo, bem como o seu potencial econômico, enfim, todos esses fatores estão envolvidos no ato da fala. Um indivíduo tenso está sempre muito próximo dos problemas da voz. As tensões musculares são responsáveis por dificuldades respiratórias, articulatórias e demais envolvimentos da produção da voz e da fala. Existem vários tipos de relaxamento, dependendo do nível de tensão que podemos estar sofrendo, e em se tratando de corpo e emoções é recomendável que se cuide de cada caso individualmente.


Um tipo de exercício que pode ser feito independente de análise é a soltura das articulações com movimentos giratórios lentos, indo do pescoço, ombros, braços até a cintura, joelhos e tornozelos. A energia psíquica flui melhor por um corpo relaxado, facilitando o contato com as emoções e a comunicação do cantor com o público.


RESPIRAÇÃO


A respiração é a base de toda a técnica de canto. A ela estão diretamente ligadas a afinação, colocação e volume da voz e resistência do cantor.


vejamos como funciona:


AQUECIMENTO


O ar, ao entrar no nariz, sofre um processo de aquecimento em virtude de uma grande concentração de vasos sangüíneos ali localizados e que se modificam segundo a alteração climática externa. Os vasos sangüíneos que irrigam a região contraem-se, segurando a circulação sangüínea por mais tempo quando a temperatura ambiente está baixa, dando a sensação que o nariz ficou gordo por dentro. Com este procedimento, a cavidade nasal fica muito mais aquecida, como uma estufa que vai favorecendo assim o ar que, na sua passagem pelo nariz, vai recebendo o aquecimento necessário ao bom funcionamento orgânico. No entanto, se o dia estiver quente, os vasos sangüíneos permitem uma circulação mais ativa, como se o nariz estivesse muito amplo. Essa regulagem calórica trabalha muito a favor do cantor, que só deve permitira entrada buco-nasal do ar em ambientes cobertos. Quando estiver ao ar livre, a entrada de ar deve ser feita pelo nariz, principalmente se estiver frio, evitando sempre que possível, que o ar gelado perturbe a mucosa da faringe ou mesmo da laringe, de onde poderia advir uma rouquidão indesejada.


FARINGE


É um tubo músculo membranoso que se inicia na base do crânio e segue até a Sexta vértebra cervical, onde tem continuidade com o esôfago e com a laringe, ocorrendo neste ponto o cruzamento dos sistemas digestivo e respiratório.


LARINGE E CORDAS VOCAIS


A laringe abre-se na base da língua. Situa-se na parte mediana do pescoço, comunicando-se com a traquéia na parte inferior e com a faringe na parte superior. Na laringe encontramos as cordas vocais, responsáveis pela produção do som. O treino da técnica vocal (vocalizes) irá atuar nas cordas vocais como exercícios de alongamento, fazendo elas irem de sua posição dilatada (sons graves) para a alongada (sons agudos) várias vezes, buscando aos poucos uma maior elasticidade que se refletirá em aumento da tessitura vocal e maior precisão na afinação das notas.


DIAFRAGMA E PULMÕES


O diafragma é um grande músculo em forma de cúpula, de concavidade inferior, que separa a cavidade torácica da abdominal. Ele fica abaixo dos pulmões, que são a principal área de ressonância das notas médio-graves.
Quando inspiramos, o diafragma desloca-se para baixo, deslocando a cavidade abdominal e ampliando a cavidade torácica, enquanto os músculos inter-costais dilatam as costelas, promovendo uma pressão negativa em relação ao meio ambiente, induzindo-se o ar para dentro dos pulmões, como se fosse uma máquina de sugar instalada na base pulmonar. Teremos então a região abdominal e inter-costal dilatadas, o que não deve acontecer com a parte alta do peito, que permanecerá relaxada para facilitar a liberação do ar na expiração. Nesta etapa, os músculos dilatados agora se contraem, empurrando a parte baixa dos pulmões, expulsando o ar para cima. Durante o ato de cantar, estes músculos devem ficar rígidos, mantendo a pressão nos pulmões para que tenhamos o apoio necessário para manter a voz corretamente colocada, sem ter que buscar força adicional na região da garganta. Enquanto cantamos, mantemos sempre uma reserva de ar na parte baixa dos pulmões, repondo apenas o ar gasto para a emissão das notas, o que nos dá condições de fazer inspirações curtas entre as frases cantadas. Óbvio que em frases ou notas longas podemos utilizar todo o ar armazenado.


ÁREAS DE RESSONÂNCIA


São as regiões ocas do nosso corpo onde o som se amplifica. As principais são: pulmões (ressoa notas graves e médias) e cabeça (ressoa notas agudas). Na cabeça temos a região nasal, que pode ser usada para realçar os timbres médios e metálicos da nossa voz. É importante lembrar que todo o aparelho respiratório serve como ressonância para os sons, e para manter uma voz sempre brilhante e jovem deve-se buscar as ressonâncias da face.


ARTICULAÇÃO


Para aproveitar da melhor maneira possível as áreas de ressonância (principalmente da face), devemos trabalhar a articulação dos sons. A musculatura da face combinada com o movimento dos lábios e maxilar ajudará a projetar o som para fora, dando mais volume e precisão na dicção das palavras. Além dos exercícios musculares para a face, que vão melhorar a dicção, devemos dar atenção especial ao trato da articulação das vogais, pois este ponto é de vital importância para a boa colocação da voz, explorando as áreas de ressonância e não deixando o som destimbrado e opaco.


A - É - Ó - Sons claros e abertos. Na posição da fala não se pode cantar. Para vencer a extensão das escalas com a emissão perfeita destas vogais, temos que ovalar a boca. Com esta posição o som recua para o fundo da garganta e vibra no palato mole, entrando para a ressonância alta, e projetando-se timbrado.


Ô - Ê - I - U - Sons escuros e fechados. O movimento labial faz com que eles se projetem para frente. Nas notas agudas o maxilar cai deixando a boca ovalada.


Ê - I - Estas duas vogais merecem atenção pois são horizontais, e para se projetarem usamos o sorriso, que os mantém vibrando no mordente até o centro da voz. Para atingir notas agudas, o sorriso permanece, porém a boca vai se ovalando em busca de um som arredondado e bem timbrado.


PERCEPÇÃO


Esta é a área mais intimamente ligada com a afinação, pois diz respeito ao desenvolvimento do ouvido musical. Qualquer som emitido na natureza é uma vibração, portanto uma freqüência. Notas musicais nada mais são do que freqüências, emitidas de maneira ordenada dentro da faixa de percepção do ouvido humano. Se o ouvido musical não for treinado, o ato de cantar estará seriamente comprometido. Neste caso, vale ressaltar que percepção é basicamente sinônimo de concentração. Nós trabalhamos com dois tipos de memória: memória fotográfica e memória motor. A memória fotográfica registra os fatos, enquanto a motor simplesmente repete aquilo que registramos. Quanto mais concentrados estivermos no fato, mais facilmente este será incorporado, e mais rapidamente a memória motor estará atuando. Por isso é importantíssimo que na hora de se trabalhar a memória fotográfica o objeto de estudo seja registrado sem erros. Isto vale não só na percepção, mas também na incorporação da respiração, articulações e técnicas de canto, que devem ser estudadas em períodos curtos e várias vezes ao dia, sempre com regularidade e disciplina, para que surtam efeito. No caso da percepção, os exercícios serão elaborados em cima dos intervalos musicais, dentro da tessitura vocal do aluno. Os vocalizes também ajudam muito nesse processo.