INTRODUÇÃO:
Levítico capitulo 1 ao 7 - Sabemos que o Sumo-Sacerdote da Antiga Aliança, era uma
figura, um tipo de Cristo o Grande Sacerdote instituído sobre a Casa de Deus.
Assim como o Sumo-Sacerdote era o representante, o mediador entre Deus e os
filhos de Israel, Jesus é o representante, o mediador da Nova Aliança em favor
daqueles que hão de herdar a vida eterna! Porém há uma grande diferença entre o
Sumo-Sacerdote no Antigo Testamento e Jesus. Enquanto que o Sumo-Sacerdote
precisava primeiramente oferecer sacrifício pelos seus próprios pecados para
depois oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, Jesus não precisou de
quaisquer sacrifícios por si mesmo, uma vez que não tinha pecados. Vamos descrever
as ofertas do Tabernáculo e ver os simbolismos que estavam por detrás delas.
AS OFERTAS E OS
SACRIFÍCIOS
O
povo comparecia perante seus representantes – os sacerdotes, que eram os
intermediários, os mediadores entre Deus e eles. Se o israelita levava a
oferta, ao sacerdote cabia oferecê-la ao Senhor que a aceitava como
"cheiro agradável" em sua presença. Esta era a tônica dos rituais
ofertórios. Sobre estas ofertas e sacrifícios não podemos deixar de considerar
a palavra de Barrow:
"As
Ofertas que Deus falou a Moisés a respeito, eram um meio de adoração, e também
um sacrifício para perdão e restauração pessoal diante de Deus. Muitas das
ofertas estavam relacionadas com o Altar de Holocausto. Os sacerdotes
sacrificavam várias ofertas à Deus, que eram oferecidas pelos seus próprios
pecados e também pelos pecados do povo (tanto pecados conhecidos como
desconhecidos). Algumas ofertas eram oferecidas regular e frequentemente,
enquanto outras eram oferecidas apenas em certos casos de necessidade".
AS CINCOS PRINCIPAIS OFERTAS E
SACRIFÍCIOS QUE SÃO: A Oferta do Holocausto, A Oferta de
Manjares, A Oferta Pelo Pecado, A Oferta Pelo Sacrilégio, O Sacrifício da Paz.
A OFERTA DO HOLOCAUSTO
DESCRIÇÃO – Lv.1:3-17;
6:8-13:
A
palavra holocausto vem do termo hebraico "hle" - `olah, e tem como
significado "queimado que sobe". No dizer de Shedd: O termo original ‘olah de significado ‘aquilo que sobre’,
tanto podia referir-se à oferta que subia ao Senhor, como ao ‘cheiro suave’ (Lv 1.17),
ou ainda ao animal inteiro, e não apenas parte dele, que era oferecido, ou
erguido sobre o altar. Embora não seja o mais importante, é no entanto este
sacrifício o que se menciona em primeiro lugar, talvez por ser o mais
grandioso.
ALGUNS DETALHES IMPORTANTES RELACIONADOS
AOS HOLOCAUSTOS:
Os
holocaustos deveriam ser oferecidos a cada manhã e também ao cair da tarde. Nos
dias comuns deveria ser oferecido apenas um cordeiro com um ano de idade, sem
defeito, mas aos sábados, dois cordeiros deveriam ser oferecidos pela manhã e
outros dois à tarde, Nm 28.9-10 - "NO DIA
DE SÁBADO, FAÇAM UMA OFERTA DE DOIS CORDEIROS DE UM ANO DE IDADE E SEM DEFEITO,
JUNTAMENTE COM A OFERTA DERRAMADA E COM UMA OFERTA DE CEREAL DE DOIS JARROS DA
MELHOR FARINHA AMASSADA COM ÓLEO. ESTE É O HOLOCAUSTO PARA CADA SÁBADO, ALÉM DO
HOLOCAUSTO DIÁRIO E DA OFERTA DERRAMADA".
Em
virtude da frequência e regularidade em que ocorriam estes sacrifícios, eles
eram também chamados de "sacrifícios contínuos", Êx 29:42 - "DE
GERAÇÃO EM GERAÇÃO ESSE HOLOCAUSTO DEVERÁ SER FEITO REGULARMENTE À ENTRADA DA
TENDA DO ENCONTRO, DIANTE DO SENHOR. NESSE LOCAL EU OS ENCONTRAREI E FALAREI
COM VOCÊ". Os israelitas podiam somar aos holocaustos, ou
sacrifícios contínuos as chamadas "ofertas queimadas".
O
ofertante colocava as mãos sobre o animal destinado ao sacrifício, reconhecendo
nele o seu substituto. Um detalhe importante é que o próprio ofertante abatia o
animal na presença dos sacerdotes, os quais aspergiam o seu sangue sobre o
altar, Lv 1:4-5,
"E PORÁ A MÃO SOBRE A CABEÇA DO ANIMAL DO
HOLOCAUSTO PARA QUE SEJA ACEITO COMO PROPICIAÇÃO EM SEU LUGAR. ENTÃO O NOVILHO
SERÁ MORTO PERANTE O SENHOR, E OS SACERDOTES, DESCENDENTES DE ARÃO, TRARÃO O
SANGUE E O DERRAMARÃO NOS LADOS DO ALTAR, QUE ESTÁ NA ENTRADA DA TENDA DO
ENCONTRO". O animal inteiro, com exceção do seu sangue era, então,
queimado e a fumaça subia representando a consagração do ofertante diante de
Deus. Não podemos nos esquecer que o holocausto seria sempre uma "... OFERTA QUEIMADA, DE AROMA AGRADÁVEL AO SENHOR", Lv 1.9.
SIMBOLISMOS
No
Holocausto, o animal sacrificado deveria ser entregue sobre o altar para ser
queimado. Isto era agradável a Deus, "CHEIRO SUAVE":
"ASSIM QUEIMARÁS TODO O CARNEIRO SOBRE O ALTAR; É
UM HOLOCAUSTO PARA O SENHOR; É CHEIRO SUAVE, OFERTA QUEIMADA AO SENHOR",
Êx 29:18.
- Da mesma maneira, Cristo entregou-se por nós em sacrifício a Deus, Ef 5.2,
"... E ANDAI EM AMOR, COMO CRISTO TAMBÉM VOS AMOU,
E SE ENTREGOU A SI MESMO POR NÓS, COMO OFERTA E SACRIFÍCIO A DEUS, EM
"CHEIRO SUAVE". - A
expressão "cheiro suave", vem dos
termos gregos: "osmh" (osme) – cheiro, aroma e "euwdia"
(euodia) – "cheiro doce", "fragrância", "perfume
agradável". O sacrifício de Cristo pelos nossos pecados subiu a Deus como
uma fragrância agradável a Deus.
Assim
como o animal era levado ao sacrifício sem oferecer qualquer resistência,
Cristo também, no dizer do profeta Isaías foi conduzido ao
"matadouro", não demonstrando qualquer resistência aos seus
opressores e algozes, Is 53:7 - "ELE FOI
OPRIMIDO E AFLIGIDO, MAS NÃO ABRIU A BOCA; COMO UM CORDEIRO QUE É LEVADO AO
MATADOURO, E COMO A OVELHA QUE É MUDA PERANTE OS SEUS TOSQUIADORES, ASSIM ELE
NÃO ABRIU A BOCA". Pelo contrário, as Escrituras nos dizem que
Jesus entregou-se a si mesmo para o sacrifício, Gl 2.20, "JÁ ESTOU CRUCIFICADO COM CRISTO; E VIVO, NÃO MAIS EU, MAS
CRISTO VIVE EM MIM; E A VIDA QUE AGORA VIVO NA CARNE, VIVO-A NA FÉ NO FILHO DE
DEUS, O QUAL ME AMOU, E SE ENTREGOU A SI MESMO POR MIM". Esta
entrega foi motivada pelo verdadeiro amor!
Um
ponto importante a considerar é que nos sacrifícios, o animal era uma
representação do pecador; o sacerdote era representação da divindade. Homem e
Deus estavam presentes ali! Em seu sacrifício, Cristo cumpriu estas duas
exigências legais. Ele foi o "Cordeiro" oferecido em holocausto – "... EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO",
Jo 1.29.
Mas, foi também ao mesmo tempo o Sacerdote, que conduz o homem à presença de
Deus.
A OFERTA DE MANJARES
DESCRIÇÃO – Lv.
2:1-16; 6:14-18:
As
ofertas de manjares (hxnm Nbrq - qorban minchah), eram oferecimentos de cereais
que os israelitas faziam ao Senhor. Observe
o comentário de Shedd sobre os componentes e os detalhes deste tipo de oferta:
"...
consistia na oferta dum cereal, em que entrasse sobretudo a flor de farinha,
geralmente misturada com azeite (Lv 7:10; 5:11), ou com azeite e incenso por cima (Lv 2.6).
Cozida ou não, o sacerdote tomaria um punhado dela e a colocaria sobre o altar,
desde que contivesse todo o incenso indispensável. Tomava então e nome de
memorial (Lv 2.2),
talvez por causa do incenso sagrado (Êx 30:84) que oferecia no altar de ouro duas vezes
por dia o sacerdote à hora da oração, servindo para obter a aprovação do
Senhor, ou antes para que o Senhor não se esquecesse do oferente”.
DETALHES RELACIONADOS À OFERTA DE
MANJARES:
Da
mesma maneira que o holocausto, a oferta de manjares precisava ser voluntária.
A expressão "... QUANDO ALGUMA PESSOA FIZER OFERTA
DE MANJARES AO SENHOR" (Lv 2.1), implica em disposição e voluntariedade
por parte do ofertante.
Era
o único sacrifício em que as carnes não estavam envolvidas. Era oferecido
apenas farinha de trigo crua, grãos de cereais assados e bolos sem fermento.
Todos os ingredientes eram oferecidos sobre o fogo com sal, óleo e incenso. O
que sobrava era dos sacerdotes.
Esta
oferta era um tipo de "OFERTA DE GRATIDÃO",
uma vez que lembrava aos israelitas de sua passagem pelo deserto, onde houve
grande escassez de alimentos, dos quais foram eles supridos por Deus através do
maná, o pão que caia do céu. Era uma forma de gratidão a Deus.
SIMBOLISMOS
Inicialmente
podemos dizer que a Oferta de Manjares, simboliza o nosso sustento e provisão
diária. Dependemos de Deus para ganhar o nosso pão-de-cada-dia. Foi por esta
razão que Jesus, na oração do Pai-Nosso, nos orientou a orar pelo
"pão": "... O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS
DÁ HOJE" - Mt 6.11. Como filhos de Deus não precisamos
conviver com a ansiedade e preocupação características dos homens sem Deus.
Como nos ensinou Jesus: "POR ISSO VOS DIGO: NÃO
ESTEJAIS ANSIOSOS QUANTO À VOSSA VIDA, PELO QUE HAVEIS DE COMER, OU PELO QUE
HAVEIS DE BEBER; NEM, QUANTO AO VOSSO CORPO, PELO QUE HAVEIS DE VESTIR. NÃO É A
VIDA MAIS DO QUE O ALIMENTO, E O CORPO MAIS DO QUE O VESTUÁRIO?"- Mt 6.25. Queremos
recorrer ao comentário de Mesquita:
"Antigamente,
era o pão das Faces que significava a presença de Deus na mesa e no sustento
dos crentes. Era uma mostra material, objetiva, de acordo com a capacidade dos
crentes de antanho. Agora, com um novo santuário não feito por mãos, com novos
moldes religiosos, novo sacerdócio, as antigas verdades se hão de crer e
propagar de um modo diverso. Assim é o fato em Cristo Jesus. Deste modo, Cristo
é a nossa diária oferta, é o nosso pão, e as manifestações religiosas da vida
são outras tantas mostras dessa verdade. Não vamos mais levar um punhado de
farinha ao templo, mas vamos de outras maneiras públicas declarar que me nos
tem sustentado e sustenta. Se um hebreu confiava na sua provisão diária, muito
mais nós, que vivemos mais diretamente ligados à divindade. Cristo é nossa
provisão diária".
Considerando
que as Ofertas de Manjares não poderiam conter qualquer tipo de fermento, ou
mel, isto porque estas substâncias alteram as características do produto
ofertado, devemos entender que temos aqui um símbolo da vida cristã que deve
ser autêntica, transparente, sem qualquer hipocrisia. Embora no Novo Testamento
a figura do fermento foi usada para explicar o crescimento do reino (Mt 13.33),
ele também é usado para ilustrar os efeitos devastadores do pecado que quando
não tratado, se espalha rapidamente e contamina com facilidade (1 Co 5.6).
Outro
detalhe importante a lembrar é que as Ofertas de Manjares deveriam ser sempre
temperadas com sal. Embora o sal seja muito usado na antiguidade, seja para
estabelecer alianças (Nm 18.19; 2 Cr 13.5), ou vínculos de amizade, o
seu maior uso sempre foi como condimento alimentar.
Note que são duas as suas principais
características: Alterar o sabor dos alimentos e impedir que
se estraguem. É dentro deste contexto que o Senhor Jesus disse que seus
discípulos deveriam ser o "SAL DA TERRA"
- Mt 5.13.
Como discípulos de Jesus precisamos "salgar", este mundo dando-lhe o
sabor do Evangelho e impedir a corrupção do homem sem Deus. Devemos, no dizer
de Paulo apresentar ao mundo uma palavra "TEMPERADA
COM SAL" - Cl 4.6 - "A VOSSA
PALAVRA SEJA SEMPRE AGRADÁVEL, TEMPERADA COM SAL, PARA SABERDES COMO DEVEIS
RESPONDER A CADA UM". Se a Palavra de Deus estiver presente em
nossos lábios, o mundo à nossa volta certamente será atingido pelo poder de
Deus!
A OFERTA PELO PECADO
DESCRIÇÃO – Lv.
4:1-5, 13; Lv. 6:24-30:
Pela
sua própria natureza, o homem é pecador, condição está herdada de Adão – "TODOS PECARAM E ESTÃO DESTITUÍDOS DA GLÓRIA DE DEUS",
"NÃO HÁ UM JUSTO, NENHUM SEQUER" - Rm 3.23. Não há como livrar-se do pecado a não ser
através de uma intervenção divina, que tinha como seu representante o
sacerdote, o responsável para oferecer o animal em sacrifício, para remissão
dos pecados do ofertante. Este tipo de oferta, era oferta obrigatória ao
Senhor, diferentemente das ofertas voluntárias. Conforme nos diz Shedd:
"As
ofertas pelas culpas próprias ou alheias eram obrigatórias como expiação por
certos pecados, que podiam ser derivados à ignorância ou ao erro. Embora
involuntariamente, cometia-se um pecado, se se praticasse algo ‘do que não
devia fazer" (vs. 2.13, 22, 27), sem poder recorrer-se muitas vezes
à desculpa da ignorância".
VEJA A PRINCIPAIS PARTICULARIDADES DA
OFERTA PELO PECADO:
Era
um tipo de oferta que era indicada para a condição geral do pecador diante de
Deus, já que todos os homens são pecadores, pois possuem uma natureza
pecaminosa; e também para os chamados "pecados não intencionais", ou
seja aqueles pecados feitos de maneira involuntária.
Esta
oferta deveria ser oferecida pelo Sumo-Sacerdote (8.12), pelo monarca (8.22-26),
pela congregação (8.13-21) e enfim, por qualquer membro do povo (8.27-35).
A culpa pelo pecado seria condizente com a posição daquele que o havia cometido.
Observando
o capítulo 5.1-6,
temos uma lista de pecados que careciam deste tipo de oferta: Recusar ser
testemunha, o contato com animal imundo, contato com imundícies humanas e o
julgamento precipitado.
SIMBOLISMOS
Enquanto
que o sacerdote oferecia a Deus um sacrifício insatisfatório, insuficiente, uma
vez que o sangue de animais não podia remover definitivamente o pecado – Hb 10.4,
"PORQUE É IMPOSSÍVEL QUE O SANGUE DE TOUROS E DE
BODES REMOVA PECADOS", O SACRIFÍCIO DE CRISTO FOI COMPLETO E SUFICIENTE,
TRATANDO DEFINITIVAMENTE COM O PECADO DO HOMEM EM SUA PROFUNDIDADE”. – Hb 9.11-12 - "QUANDO, PORÉM, VEIO
CRISTO COMO SUMO SACERDOTE DOS BENS JÁ REALIZADOS, MEDIANTE O MAIOR E MAIS
PERFEITO TABERNÁCULO, NÃO FEITO POR MÃOS, QUER DIZER, NÃO DESTA CRIAÇÃO, NÃO
POR MEIO DE SANGUE DE BODES E DE BEZERROS, MAS PELO SEU PRÓPRIO SANGUE, ENTROU
NO SANTO DOS SANTOS, UMA VEZ POR TODAS, TENDO OBTIDO ETERNA REDENÇÃO".
Enquanto
que no Tabernáculo, o sangue do animal era trazido para o interior do
Santuário, onde era espargido por sete vezes na presença do véu, Cristo
penetrou para dentro do véu e ali aspergiu o seu próprio sangue, Hb 9.12 -
"... NÃO POR MEIO DE SANGUE DE BODES E DE
BEZERROS, MAS PELO SEU PRÓPRIO SANGUE, ENTROU NO SANTO DOS SANTOS, UMA VEZ POR
TODAS, TENDO OBTIDO ETERNA REDENÇÃO". É através do sangue de Cristo
que nos tornamos vitoriosos contra o pecado, o mundo e satanás.
Enquanto
que a confissão no Tabernáculo deveria ser realizada sobre a cabeça do animal,
para assim o pecador ser aceito diante de Deus, hoje devemos confessar nossos
pecados diretamente a Jesus, se quisermos receber o verdadeiro perdão, 1 Jo 1.9 - "SE CONFESSARMOS OS NOSSOS PECADOS, ELE É FIEL E
JUSTO PARA NOS PERDOAR OS PECADOS E NOS PURIFICAR DE TODA INJUSTIÇA".
No Tabernáculo o sacerdote era o intermediário da confissão; em Jesus não temos
quaisquer intermediários, ou mediadores.
O
contato com coisas, animais e pessoas imundas, era um tipo de transgressão que
exigia a Oferta Pelo Pecado. Este tipo de pecado exigia do ofertante uma
purificação; caso não observada, o infrator poderia ser morto, Nm 19.20,
"NO ENTANTO, QUEM ESTIVER IMUNDO E NÃO SE
PURIFICAR, ESSE SERÁ ELIMINADO DO MEIO DA CONGREGAÇÃO, PORQUANTO CONTAMINOU O
SANTUÁRIO DO SENHOR; ÁGUA PURIFICADORA SOBRE ELE NÃO FOI ASPERGIDA; É IMUNDO".
Não podemos nos esquecer de que o pecado nos torna "imundos",
"impuros", e precisamos ser purificados, lavados não pela água, mas
pelo "sangue de Cristo". No dizer de João: "SE CONFESSARMOS OS NOSSOS PECADOS, ELE É FIEL E JUSTO PARA
NOS PERDOAR OS PECADOS E NOS PURIFICAR DE TODA INJUSTIÇA" - 1 Jo 1.9.
- A palavra "purificar" neste
texto, vem do grego "kayarizw" – katharizo, e significa "limpar-se da sujeira",
"purificar-se". Em quase todas as purificações judaicas usava-se a
água. Porém na Nova Aliança, não precisamos da água para nossa purificação
pessoal, e sim somos limpos através do sangue de Cristo e pela Palavra de Deus,
Jo 15.3
- "VÓS JÁ ESTAIS LIMPOS PELA PALAVRA QUE VOS TENHO
FALADO".
A OFERTA PELA
TRANSGRESSÃO, OU SACRILÉGIO
DESCRIÇÃO – Lv.
5:14 – 6:7; 7:1-10:
A
Oferta Pela Transgressão ou Sacrilégio, era um tipo de sacrifício envolvendo
certos pecados, onde ficava patente que o dano causado carecia de uma
retribuição. Ele é apresentado de duas
maneiras:
1) A
transgressão envolvendo uma falta diante de Deus, na omissão em dar as
"coisas santas ao Senhor", aquilo que é do Senhor, como por exemplo,
os dízimos, as ofertas, as primeiras coisas da colheita. Quando estas
exigências não eram cumpridas pelos israelitas, exigia-se a entrega ao
sacerdote dos bens retidos, ou o resgate;
2) A
transgressão de mandamentos e princípios dados pelo Senhor. – Neste caso, a
defraudação era contra o semelhante. Antes do ofertante apresentar qualquer
oferta ao Senhor, deveria reparar o dano através de uma compensação do
prejuízo. Shedd nos fala deste tipo de
oferta:
"Este
sacrifício refere-se ao pecado que exige uma restituição, mesmo antes da
oferta, e apresenta-se sob duas formas: uma, pela transgressão de faltar em dar
as ‘coisas sagradas do Senhor’ (5.15) isto é. nos dízimos, nas ofertas, nas
primícias, etc., como pertencendo a Deus, e exigindo a entrega ao sacerdote ou
o resgate: outra, pela transgressão ‘contra os mandamentos do Senhor’ (5.17).
Já que as mesmas palavras se encontram várias vezes no cap. 4 (vs. 2, 13, 22 e 27),
não há dúvida que o pecado em causa exigia uma restituição".
PARTICULARIDADES DESTE TIPO DE OFERTA:
O produto
do roubo ou defraudação deveria ser compensado, antes mesmo do oferecimento de
qualquer oferta a Deus, Lv 6.4 - "... SE,
POIS, HOUVER PECADO E FOR CULPADO, RESTITUIRÁ O QUE ROUBOU, OU O QUE OBTEVE
PELA OPRESSÃO, OU O DEPÓSITO QUE LHE FOI DADO EM GUARDA, OU O PERDIDO QUE ACHOU".
Se o
prejuízo fosse ocasionado por um juramento falso, além da restituição inteira
do prejuízo, deveria ser acrescentada a "quinta parte", que seria
entregue àquele que sofreu o prejuízo, no dia do oferecimento da oferta,
"... OU QUALQUER COISA SOBRE QUE JUROU FALSO; POR
INTEIRO O RESTITUIRÁ, E AINDA A ISSO ACRESCENTARÁ A QUINTA PARTE; A QUEM
PERTENCE, LHO DARÁ NO DIA EM QUE TROUXER A SUA OFERTA PELA CULPA" - Lv 6.5.
A
oferta exigia um carneiro "sem defeito", apresentado ao sacerdote que
faria a expiação, Lv 6.6-7 - "E COMO A
SUA OFERTA PELA CULPA, TRARÁ AO SENHOR UM CARNEIRO SEM DEFEITO, DO REBANHO;
CONFORME A TUA AVALIAÇÃO PARA OFERTA PELA CULPA TRÁ-LO-Á AO SACERDOTE; E O
SACERDOTE FARÁ EXPIAÇÃO POR ELE DIANTE DO SENHOR, E ELE SERÁ PERDOADO DE TODAS
AS COISAS QUE TIVER FEITO, NAS QUAIS SE TENHA TORNADO CULPADO".
SIMBOLISMOS
Um
tipo de pecado dentre os pecados de transgressão, era o juízo temerário, um
tipo de pecado que atinge o nosso semelhante, o próximo. Temos aqui em pauta o
pecado da língua, um dos piores pecados. Certamente, o mau uso da língua pode
destruir uma vida! Harrison faz a
seguinte observação:
"O
cristão é relembrado que a língua é um instrumento poderoso (Tg 3.5-6),
e é especificamente advertido no Sermão da Montanha contra o fazer juramentos (Mt 5.34-36)
e nas repreensões de Cristo dirigidas aos escribas e fariseus (Mt 23.16-22).
Os servos do Senhor devem ser completamente fidedignos e confiáveis como
testemunhas dEle"
Devemos
lembrar aqui também daqueles pecados que fazemos diretamente contra Deus: a defraudação
nas ofertas, nos dízimos, a entrega dos primogênitos, das primícias, etc. Se
defraudar o homem é pecado, muito mais o será quando defraudamos a Deus,
retendo o que é dEle. Muitos filhos de Deus não são abençoados no mundo porque
"seguram", para não dizer "roubam" o que pertence ao
Senhor. Basta lembrarmos que Malaquias chama a retenção do dízimo de roubo, Ml 3.8 -
"ROUBARÁ O HOMEM A DEUS? TODAVIA, VÓS ME ROUBAIS E
DIZEIS: EM QUE TE ROUBAMOS? NOS DÍZIMOS E NAS OFERTAS". Há ainda
muitas outras coisas nas quais roubamos a Deus.
O SACRIFÍCIO DA PAZ, OU
OFERTA PACÍFICA
DESCRIÇÃO – Lv.
3:1-17; 7:11-34
A
oferta pacífica, ou sacrifício da paz deveria acontecer de forma voluntária,
quando o ofertante fosse movido pelo desejo de agradecer a Deus por algum
motivo especial. Um animal macho ou fêmea deveria ser oferecido, mas sem
qualquer mancha. Esta oferta era também chamada de "oferta da
comunhão", já que inspirava por parte do ofertante um relacionamento de
comunhão com o Senhor. Barrow a descreve
com alguns detalhes:
"O
sangue da Oferta Pacífica era espargido sobre o Altar de Holocausto, a gordura
e as partes internas eram removidas e o restante era assado. A gordura e as
partes internas eram queimadas; para satisfazer a Deus como cheiro suave. Por
Deus havido mostrado claramente o que lhe agradava, a pessoa que oferecia tal
oferta estava fazendo exatamente aquilo que agradava a Deus, e desta maneira
tendo comunhão com Ele. Havia também a ocasião em que a carne da oferta era
para o sacerdote e o oferente consumir, comerem juntos, com bolos ázimos
amassados com azeite, coscorões ázimos amassados com azeite de flor de farinha,
similar a Oferta de Alimentos. A Oferta Pacífica era uma indicação de um bom,
saudável e amoroso relacionamento entre o oferente e Deus, e entre o oferente e
o sacerdote. Havia paz com Deus e paz entre as pessoas em geral".
PARTICULARIDADES EM RELAÇÃO ÀS OFERTAS
PACÍFICAS:
Dentre
as outras ofertas, a Oferta Pacífica era a que expressava uma grande alegria e
júbilo por parte do ofertante, já que ela era oferecida por aqueles que se julgavam
estar em comunhão e paz com o Senhor. A oferta se constituía, então, numa forma
de gratidão a Deus.
Outro
detalhe importante é que esta oferta era aquela que era observada em último
lugar, o que nos impulsiona a dizer que a paz certamente nos vem quando, como
filhos de Deus, praticamos a obediência incondicional ao Senhor e procuramos
andar em seus princípios.
Esta
oferta poderia ser oferecida publicamente ou privativamente. Um exemplo de
Oferta Pacífica pública está relacionado aos dois cordeiros que eram oferecidos
por ocasião da Festa de Pentecoste, a qual era considerada
"santíssima". Normalmente estas ofertas públicas ocorriam durante
grandes manifestações nacionais, ou solenidades coletivas, onde havia muita
alegria e regozijo.
As
ofertas privadas vinham de:
- ações de graças, como reconhecimento do
alcance de misericórdias, Lv 7.12 - "SE FIZER
POR AÇÃO DE GRAÇAS, COM A OFERTA DE AÇÃO DE GRAÇAS TRARÁ BOLOS ASMOS AMASSADOS
COM AZEITE, OBREIAS ASMAS UNTADAS COM AZEITE E BOLOS DE FLOR DE FARINHA BEM
AMASSADOS COM AZEITE".
- provenientes de votos, Lv 7.16 - "E,
SE O SACRIFÍCIO DA SUA OFERTA FOR VOTO OU OFERTA VOLUNTÁRIA, NO DIA EM QUE
OFERECER O SEU SACRIFÍCIO, SE COMERÁ; E O QUE DELE FICAR TAMBÉM SE COMERÁ NO
DIA SEGUINTE".
- Através de ofertas voluntárias, Lv 7.16 -
"E, SE O SACRIFÍCIO DA SUA OFERTA FOR VOTO OU
OFERTA VOLUNTÁRIA, NO DIA EM QUE OFERECER O SEU SACRIFÍCIO, SE COMERÁ; E O QUE
DELE FICAR TAMBÉM SE COMERÁ NO DIA SEGUINTE".
As
Ofertas Pacíficas normalmente eram acompanhadas com uma libação e uma oferta de
cereais, onde eram oferecidos um bolo feito de cereais ralados e de farinha de
trigo misturada com azeite, além de bolos asmos, que eram preparados de três
formas diferentes, com azeite, Lv 7.11-14 - "ESTA É
A LEI DAS OFERTAS PACÍFICAS QUE ALGUÉM PODE OFERECER AO SENHOR. SE FIZER POR AÇÃO DE GRAÇAS, COM A OFERTA DE
AÇÃO DE GRAÇAS TRARÁ BOLOS ASMOS AMASSADOS COM AZEITE, OBREIAS ASMAS UNTADAS
COM AZEITE E BOLOS DE FLOR DE FARINHA BEM AMASSADOS COM AZEITE. COM OS BOLOS TRARÁ,
POR SUA OFERTA, PÃO LEVEDADO, COM O SACRIFÍCIO DE SUA OFERTA PACÍFICA POR AÇÃO
DE GRAÇAS. E, DE TODA OFERTA, TRARÁ UM
BOLO POR OFERTA AO SENHOR, QUE SERÁ DO SACERDOTE QUE ASPERGIR O SANGUE DA
OFERTA PACÍFICA".
Era
exigido do ofertante que colocasse suas mãos sobre o sacrifício, através de uma
confissão de pecados e ainda que fizesse ação de graças a Deus. Após o animal
ser abatido pelo próprio ofertante, o seu sangue era aspergido sobre o altar
através do sacerdote; as entranhas e as gorduras eram queimadas ao Senhor. Esta
oferta culminava numa festa grandiosa e jubilosa, onde a carne do animal,
juntamente com os bolos asmos era comida pelos participantes.
Outro
detalhe significativo desta oferta é que o ofertante, juntamente com seus
amigos, os sacerdotes reuniam-se num relacionamento de feliz comunhão com o
Senhor, no átrio do tabernáculo, Dt 12.17-18 - "NAS
TUAS CIDADES, NÃO PODERÁS COMER O DÍZIMO DO TEU CEREAL, NEM DO TEU VINHO, NEM
DO TEU AZEITE, NEM OS PRIMOGÊNITOS DAS TUAS VACAS, NEM DAS TUAS OVELHAS, NEM
NENHUMA DAS TUAS OFERTAS VOTIVAS, QUE HOUVERES PROMETIDO, NEM AS TUAS OFERTAS
VOLUNTÁRIAS, NEM AS OFERTAS DAS TUAS MÃOS; MAS O COMERÁS PERANTE O SENHOR, TEU
DEUS, NO LUGAR QUE O SENHOR, TEU DEUS, ESCOLHER, TU, E TEU FILHO, E TUA FILHA,
E TEU SERVO, E TUA SERVA, E O LEVITA QUE MORA NA TUA CIDADE; E PERANTE O
SENHOR, TEU DEUS, TE ALEGRARÁS EM TUDO O QUE FIZERES". Essa
refeição denotava a comunhão entre os adoradores e Deus. E também simbolizava e
prometia amizade e paz com Deus.
SIMBOLISMOS
Como
o próprio nome nos diz, a Oferta Pacífica, tem a ver com "comunhão e
paz", que somente pode vir através de um íntimo relacionamento entre Deus
e o ofertante. Através desta oferta, a comunhão entre Deus e o pecador se
tornava realidade. Nenhum homem poderia chegar ao Altar para oferecer a Oferta
Pacífica, sem antes haver passado pela Oferta da Expiação, ou seja, não poderia
haver qualquer comunhão do pecador com Deus, sem que antes, uma vítima
substitutiva pelo pecado fosse oferecida. Cumprindo esta exigência, o ofertante
podia chegar para oferecer a Oferta Pacífica, e gozar da paz oferecida pelo
Senhor. Porém, a paz com Deus nos dias do Velho Pacto não era absoluta, uma vez
que havia necessidade de se fazer constantes oferendas. Já, na Nova Aliança, a
paz é permanente e foi conquistada através do Senhor Jesus em nosso favor, Rm 5.1.
Outro
simbolismo envolvido na Oferta pacífica é o fato de que podemos erguer nossa
voz para dar ações de graças a Deus. Devemos ter em mente que inúmeros dos
sacrifícios que compunham as Ofertas Pacíficas, eram sacrifícios que deveriam
expressar por parte do ofertante uma gratidão ao Senhor, "SE ALGUÉM O OFERECER POR OFERTA DE AÇÃO DE GRAÇAS, COM O
SACRIFÍCIO DE AÇÃO DE GRAÇAS OFERECERÁ BOLOS ÁZIMOS AMASSADOS COM AZEITE, E
COSCORÕES ÁZIMOS UNTADOS COM AZEITE, E BOLOS AMASSADOS COM AZEITE, DE FLOR DE
FARINHA, BEM EMBEBIDOS" - Lv 7.12. Como filhos de Deus, temos muitos motivos
para agradecê-LO! Falando aos crentes de Corinto Paulo não somente reconhece
que devemos dar "graças a Deus", mas que esta prática seja também
abundante, 2 Co
4.15 - "POIS TUDO É POR AMOR DE VÓS,
PARA QUE A GRAÇA, MULTIPLICADA POR MEIO DE MUITOS, FAÇA ABUNDAR A AÇÃO DE
GRAÇAS PARA GLÓRIA DE DEUS".
Outro
ponto importante de simbolismo está em que a gratidão a Deus, sempre vem
acompanhada com a alegria. Sabemos que a alegria é outro fator que deve ocupar
a vida do filho de Deus. Não se pode admitir crente carrancudo, emburrado, mal
humorado, pavio curto, etc., Em nós deve brilhar a alegria da salvação! Quando
Davi pecou, uma das coisas que ele lamenta ter perdido, foi o gozo da salvação.
Porém, Davi não deixou de reivindicar esta bênção, quando implorava pelo perdão
e restauração de seu pecado, Sl 51.12 - "RESTITUI-ME
A ALEGRIA DA TUA SALVAÇÃO, E SUSTÉM-ME COM UM ESPÍRITO VOLUNTÁRIO".
Como é bom servir a Deus e viver na alegria da Palavra.
FONTE
DE INFORMAÇÕES:
BARROW,
Martyn. Artigo "O Altar dos Holocaustos".
http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo Alves
Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.
BÍBLIA
ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.
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Russel, PhD. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I,
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Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira). Rio de Janeiro-RJ.
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