O QUE É PENSAMENTO SISTÊMICO?



Visão ampliada. Acho que foi isso que ocorreu quando tive contato com o livro “A Quinta Disciplina” de Peter Senge. Este livro, já considerado um clássico, causou impacto nas práticas de gestão nos anos 90 e continua atual. O autor apresenta a quinta disciplina como o pensamento sistêmico, um elemento integrador de outros fatores organizacionais que estão relacionados com o conceito da "organização que aprende".

Apesar de mencionar Senge, o objetivo deste artigo não é explorar o conteúdo do livro mas sim de abordar o conceito do pensamento sistêmico e aproximá-lo da realidade de nossas igrejas e ministérios.

Por que sistema?

A palavra “sistema” pode ser utilizada para se referir a conceitos das mais diversas áreas. Assim, por exemplo, na Anatomia temos o sistema cardiovascular, na Matemática temos o sistema binário, na Astronomia temos o sistema solar, enfim, a lista é grande. 

O que estes conceitos têm em comum? De maneira geral, referir-se a alguma coisa como um “sistema” significa afirmar que esse algo é constituído por um conjunto de partes ou elementos que são coordenados entre si, funcionam como estrutura organizada e se influenciam mutuamente. Desta forma, se pensarmos em Anatomia, por exemplo, os elementos do sistema cardiovascular seriam o coração e os mais diversos vasos sanguíneos.

Desta forma, consideramos também uma organização como um sistema através do qual seus vários elementos se relacionam. Nas organizações em geral estes elementos podem ser diferentes departamentos, processos, funções, etc. Já em uma igreja, podemos ter os ministérios, os diferentes níveis de liderança, os projetos, etc. 

Por que surgiu o pensamento sistêmico?
 
Tudo começou no século passado, com a mudança de paradigma do pensamento linear para o pensamento sistêmico. O pensamento linear simplifica a realidade, como se as perguntas possuíssem somente uma resposta. Apesar de anteceder o pensamento sistêmico, é um conceito necessário e fundamental para algumas áreas do conhecimento que necessitam de uma abordagem de causa e efeito. 

Ocorre que esta abordagem não é suficiente nos casos que envolvem sentimentos e emoções. Ou seja, não é capaz de tratar e entender a totalidade da vida humana. Assim, surgiu o pensamento sistêmico ou holístico que admite que as perguntas não possuem apenas uma resposta. Aliás, geralmente, possuem várias respostas e que muitas vezes são até contraditórias. Hoje, o conceito evoluiu de tal maneira que já temos computadores que estão sendo projetados para ’pensar’ de uma forma não linear, copiando os seres humanos na sua habilidade de pensar sistemicamente. 

Tomar uma decisão sem ter a visão do todo pode gerar decisões unilaterais, isoladas e pouco efetivas. Daí precede a necessidade de melhorar nossa capacidade de compreender o encadeamento das ações e dos elementos dentro de uma organização, treinando nossa habilidade de observar e gerando uma visão sistêmica.

Por que devemos pensar de forma sistêmica?
 
Muitos líderes esquecem-se de que toda ação tem implicações e conseqüências e que, antes de ser implementada, deve ser cuidadosamente considerada e analisada. Se o pensamento sistêmico implica em conhecer a organização enquanto um todo e analisar as suas várias partes e a interação existente entre elas, então, um líder deve ser capaz de fazer um exercício para prever as implicações e conseqüências mencionadas anteriormente.

Para exemplificar, pense em um funcionário tido como modelo que trabalha na tesouraria da igreja há 10 anos. Descobre-se que ele vem se apropriando de pequenos valores semanalmente. Decide-se por demiti-lo. Ora, esta decisão pode envolver muitos aspectos: os fatos em si, quem mais está envolvido, o que gerou ou permitiu esta ação, desdobramentos futuros da situação, opiniões de outros funcionários, e outras variáveis. Veja, uma decisão como esta, a de demitir um funcionário e que envolve tantos aspectos, se tomada de forma linear, pode ser injusta, ineficiente e gerar ainda mais problemas, isso porque não foram consideradas todas as implicações e consequências na decisão. 

Assim, ao pensarmos de forma sistêmica, nós nos abrimos para várias possibilidades:

• Levar em consideração múltiplos focos, aspectos, variáveis e relações;
• Buscar várias soluções combinadas para resolver um problema e aprender algo com a situação;
• Gerar várias interpretações, sem necessariamente fazer julgamentos apressados;
• Buscar por alternativas que não haviam sido consideradas antes;
• Analisar todas as conseqüências que podem surgir com uma decisão;
• Ser capaz de projetar um horizonte mais realista;
• Desenvolver a habilidade de observação;
• Permitir que sejamos sempre aprendizes, independentemente da situação ser semelhante a outras já vividas.

Um conselho

Muitas vezes somos levados a pensar de forma linear e simplista pela influência de liderarmos um determinado ministério por muito tempo. Assim, um líder que trabalhou durante anos com casais pode se sentir tentado a enxergar todas as situações usando somente os “óculos” do relacionamento de casal, sem considerar implicações e conseqüências de outros aspectos e relações.

Não permita que isso ocorra com você. Não abra mão do pensamento sistêmico na sua liderança. Seja um líder que tem visão sistêmica. Saiba que este conceito tem tudo a ver com equipes, gestão de conflitos, mudança, planejamento estratégico e outros conceitos de gestão que podem, de fato, potencializar a atuação da sua igreja e a eficiência do seu ministério.



FONTE DE INFORMAÇÕES
Autor: Adriana Pasello

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