Introdução
A todo momento fazemos referência a algum sistema de contagem do tempo
sem nos darmos conta das dificuldades que surgiram para sua padronização e sua
adequação com os fenômenos sazonais.
Mas qual teria sido a origem da designação
dos nossos dias, como os conhecemos hoje? Muitas perguntas surgem. Por que o
ano tem 12 meses e a semana sete dias? Por que o ano começa em 1º de janeiro?
Por que alguns anos são bissextos e outros não? Por que os meses e dias da
semana têm esses nomes? A relação entre o calendário e a Astronomia é direta.
Cedo, o homem sentiu necessidade de dividir o tempo para comemorar suas festas
religiosas e, principalmente, para saber a época de suas atividades agrícolas e
comerciais.
Os primeiros povos tinham dois sistemas básicos para contagem de
longos períodos de tempo que eram baseados nos movimentos do Sol e da Lua. No
caso do Sol, geralmente toma-se como referência o ano trópico, cujo intervalo
de tempo entre dois solstícios de verão consecutivos, hoje sabemos, é 365,2422
dias. Já os calendários lunares são baseados no período de 12 lunações, ou
seja, 354,36708 dias. Uma lunação é o intervalo entre duas luas novas
consecutivas e dura 29,53059 dias. Por algum tempo utilizou-se exclusivamente o
calendário lunar. Como para ocorrerem 12 lunações são necessários 354 dias,
faltavam, ainda, cerca de dez dias para o Sol ocupar a mesma posição na
eclíptica. Conseqüentemente, as estações do ano iriam ocorrer, pelo calendário
lunar, a cada ano, cerca de dez dias mais cedo. Imagine o transtorno que isso
traria aos povos que dependiam diretamente dos fenômenos sazonais (plantio,
caça, pesca, etc.)! Ainda assim, alguns povos utilizam até hoje o calendário
exclusivamente lunar, como os árabes. Já os judeus utilizam um calendário
lunissolar. O mundo ocidental usa o calendário solar, embora ainda guarde
alguns resquícios do antigo calendário lunar, como os 12 meses, originários das
12 lunações.
Os
Primeiros Calendários Romanos
Calendário de Rômulo
Este calendário, criado por Rômulo (753-717 a.C.),
tinha 304 dias divididos em dez meses, cada mês variando entre 16 e 36 dias.
Posteriormente, o número de dias de cada mês teria 30 ou 31 dias, compreendendo
dez meses lunares, sendo que o ano deveria sempre se iniciar no equinócio da
primavera. Ora, como o ano trópico tem 365,2422 dias, eles deveriam ter algum
sistema para corrigir o déficit de 61 dias, mas não sabemos qual era esse
processo. Mesmo que houvesse algum método engenhoso, sabe-se que este calendário
teve pouca duração, pois os meses flutuavam pelas estações do ano. Os nomes dos
meses foram provavelmente o único legado deste calendário:
1º Martius (31 dias)
|
6º Sextilis (30 dias)
|
2º Aprilis (30 dias)
|
7º September (31 dias)
|
3º Maius (31 dias)
|
8º October (31 dias)
|
4º Junius (30 dias)
|
9º November (31 dias)
|
5º Quintilis (31 dias)
|
10º December (30 dias)
|
Calendário de Numa Pompilo
Na época do imperador Numa Pompilo (717-673 a.C.),
sucessor de Rômulo, foram feitas algumas modificações no calendário. Os romanos
daquela época eram extremamente supersticiosos e consideravam números pares
como fatídicos. Então aboliram os meses de 30 dias, que passaram a ter 31 ou 29
dias. Além disso, aumentou-se para 12 o número de meses, sendo introduzidos Januarius
(29 dias), em homenagem a Jano, deus com duas caras, e Februarius (28
dias), deus dos infernos e das purificações. Esses meses eram, respectivamente,
o décimo primeiro e o décimo segundo do ano, permanecendo o início em Martius.
Com os 355 dias desse calendário, ainda havia uma diferença de 10,25 dias para
o calendário solar. Para corrigir isso, era acrescentado, periodicamente, no
final do ano, um mês denominado intercalar, chamado Mercedonius (segundo
alguns deriva de merces - renda, imposto, porque nessa época eram
recolhidos os impostos). A periodicidade obedecia um ciclo de 24 anos chamado
pompiliano, que era subdividido em períodos de quatro anos. Os anos que tinham
numeração ímpar neste ciclo e o último (o 24) tinham 12 meses de 355 dias; os
restantes tinham 13 meses (com o intercalar que poderia ter 22 ou 23 dias). Mercedonius
tinha 22 dias quando se intercalava no 2º, 6º, 10º, 18º, 20º e 22º ano do ciclo
pompiliano, e 23 dias quando no 4º, 8º, 12º e 16º ano do ciclo, contendo,
portanto, Februarius, 28 dias nos anos ordinários, e 50 ou 51 dias nos
anos com intercalação. Isto porque o mês intercalar não vinha após Februarius,
mas no meio deste. Depois de "23 de Februarius" contava-se 1,
2, 3...22 ou 23 Mercedonius, e retornava-se para o 24º dia de Februarius.
O ano de Numa Pompilo tinha, portanto, 12 meses com 355 dias e quando havia a
intercalação, alternadamente 377 ou 378, ou seja, num período de quatro anos,
tínhamos: 355, 377, 355 e 378 dias, dando uma média de 366,24 dias. Os dois
últimos períodos de quatro anos do ciclo de 24 anos tinham, respectivamente,
371 e 372 dias, em vez de 377 e 378, eliminando 12 dias em 24 anos, o que provocou
um ano ligeiramente maior que 365 dias. Com isso conseguiu-se um calendário
bastante razoável, embora um pouco complicado para o povo romano. A
intercalação dos meses e o controle dos números de dias eram atributos dos
pontífices. É importante notar que estes acabaram tendo em suas mãos o poder
sobre a época da investidura dos cônsules. Assim os responsáveis pela
observância das regras da intercalação adiavam ou antecipavam a introdução do
mês Mercedonius, primeiramente pela conveniência de prolongarem as
magistraturas ou para favorecimento de amigos. Desse modo acabaram perdendo o
controle sobre o calendário, e em pouco tempo o caos havia se formado. A
duração dos meses no calendário de Numa Pompilo ficou assim:
Mês
|
Período
|
01
|
02
|
03
|
04
|
|
1º Martius
|
31
|
31
|
31
|
31
|
2º Aprilis
|
29
|
29
|
29
|
29
|
3º Maius
|
31
|
31
|
31
|
31
|
4º Junius
|
29
|
29
|
29
|
29
|
5º Quintilis
|
31
|
31
|
31
|
31
|
6º Sextilis
|
29
|
29
|
29
|
29
|
7º September
|
29
|
29
|
29
|
29
|
8º October
|
31
|
31
|
31
|
31
|
9º November
|
29
|
29
|
29
|
29
|
10º December
|
29
|
29
|
29
|
29
|
11º Januarius
|
29
|
29
|
29
|
29
|
12º Februarius
|
29
|
23
|
28
|
24
|
13º Mercedonius
|
22
|
---
|
23
|
---
|
Resto de Februarius
|
---
|
05
|
---
|
04
|
Total de dias
|
355
|
377*
|
355
|
378*
|
Nos dois últimos períodos de quatro anos num
ciclo de 24 anos, os anos
pares tinham sua duração reduzida para 371 e 372 dias, respectivamente.
pares tinham sua duração reduzida para 371 e 372 dias, respectivamente.
Calendário Juliano
O imperador Júlio César (100-44 a.C.) tomou para si
a tarefa de reordenar o
calendário, chamando para isso o astrônomo Sosígenes. Dentre as modificações introduzidas temos: 1- O ano se iniciaria em Januarius, e não mais em Martius. Para isso ele fez com que calendas januaris (1º de janeiro) coincidisse com a primeira Lua nova depois do solstício de inverno, que naquela época se dava em antediem VIII calendas januarii (25/12). Júlio César atendeu, assim, a antigas crenças dos calendários solar e lunar. 2- O ano teria 365 dias, sendo que de quatro em quatro anos haveria um dia excedente em Februarius: o bis VI antediem calendas martii, onde antes se intercalava o Mercedonius. O ano anterior ao uso do calendário juliano é conhecido como ano da confusão, pois foram feitas várias modificações nesse ano para preparar o calendário para a reforma; houve 15 meses com 445 dias. Júlio César, após ser assassinado em 44 a.C., foi homenageado e, para isso, lhe foi reservado o mês Julius, antigo Quintilis. Os pontífices encarregados de regular o calendário e de acompanhar as observâncias das leis erraram nas interpretações das regras do calendário e estavam tornando bissextos os anos em intervalos de três anos, ao invés de quatro em quatro. Com isso, nos 37 primeiros anos foram considerados 12 anos bissextos: 42, 39, 36, 33, 30, 27, 24, 21, 18, 15, 12 e 9 a.C., quando deveriam ser nove: 41, 37, 33, 29, 25, 21, 17, 13 e 9, produzindo uma diferença de três dias. César Augusto (44 a.C. - 37 d.C.) decretou que não se fizessem bissextos os três anos seguintes que deveriam sê-los, ou seja, 5 e 1 a.C., assim como 4 d.C. Graças a essas contribuições, o imperador foi homenageado com seu nome no lugar de Sextilis, mês em que nasceu, que passou a ter 31 dias, o mesmo número de Julius, visto que sendo imperador, como Júlio César, ambos deveriam merecer a mesma homenagem. Com o aumento no número de dias de Augustus, o prejudicado foi o mês de Februarius, que passou a ter 28 ou 29 dias.
calendário, chamando para isso o astrônomo Sosígenes. Dentre as modificações introduzidas temos: 1- O ano se iniciaria em Januarius, e não mais em Martius. Para isso ele fez com que calendas januaris (1º de janeiro) coincidisse com a primeira Lua nova depois do solstício de inverno, que naquela época se dava em antediem VIII calendas januarii (25/12). Júlio César atendeu, assim, a antigas crenças dos calendários solar e lunar. 2- O ano teria 365 dias, sendo que de quatro em quatro anos haveria um dia excedente em Februarius: o bis VI antediem calendas martii, onde antes se intercalava o Mercedonius. O ano anterior ao uso do calendário juliano é conhecido como ano da confusão, pois foram feitas várias modificações nesse ano para preparar o calendário para a reforma; houve 15 meses com 445 dias. Júlio César, após ser assassinado em 44 a.C., foi homenageado e, para isso, lhe foi reservado o mês Julius, antigo Quintilis. Os pontífices encarregados de regular o calendário e de acompanhar as observâncias das leis erraram nas interpretações das regras do calendário e estavam tornando bissextos os anos em intervalos de três anos, ao invés de quatro em quatro. Com isso, nos 37 primeiros anos foram considerados 12 anos bissextos: 42, 39, 36, 33, 30, 27, 24, 21, 18, 15, 12 e 9 a.C., quando deveriam ser nove: 41, 37, 33, 29, 25, 21, 17, 13 e 9, produzindo uma diferença de três dias. César Augusto (44 a.C. - 37 d.C.) decretou que não se fizessem bissextos os três anos seguintes que deveriam sê-los, ou seja, 5 e 1 a.C., assim como 4 d.C. Graças a essas contribuições, o imperador foi homenageado com seu nome no lugar de Sextilis, mês em que nasceu, que passou a ter 31 dias, o mesmo número de Julius, visto que sendo imperador, como Júlio César, ambos deveriam merecer a mesma homenagem. Com o aumento no número de dias de Augustus, o prejudicado foi o mês de Februarius, que passou a ter 28 ou 29 dias.
Calendas, Nonas e Idos
Na Roma antiga os meses eram divididos em três
partes, denominadas: calendas, nonas e idos. Estas eram ainda contadas de trás
para frente, e assim 2 de janeiro era antediem IV nonas januarii; 10 de
março era antediem VI idus martii; e o primeiro dia do mês era
simplesmente Kalendae, daí o nome calendário. Quando o calendário romano
era exclusivamente lunar, o primeiro dia das calendas (e dos meses) fazia-se
coincidir com a Lua nova, as nonas na Lua crescente e os idos na Lua cheia.
Depois abandonou-se o sistema de contagem baseado nas fases da Lua e os dias
passaram a ser predeterminados. As calendas passaram a corresponder ao primeiro
dia do mês, já as nonas e os idos aos dias 7 e 15 nos meses de março, maio,
julho e outubro, e aos dias 5 e 13 nos outros meses.
Calendário
Juliano/dias
|
Calendário
Juliano depois de Augustus/dias
|
1º Januarius
31
|
lº Januarius
31
|
2º Februarius
29 ou 30
|
2º Februarius
28 ou 29
|
3º Martius
31
|
3º Martius
31
|
4º Aprilis
30
|
4º Aprilis
30
|
5º Maius
31
|
5º Maius
31
|
6º Junius
30
|
6º Junius
30
|
7º Quintilis
31
|
7º Julius
31
|
8º Sextilis
30
|
8º Augustus
31
|
9º September
30
|
9º
September 30
|
10º October
31
|
10º October
31
|
11º November
30
|
11º November
30
|
12º December
31
|
12º December
31
|
Calendário Gregoriano
Mesmo após a reforma juliana, havia algumas
incorreções que só se tornaram apreciáveis depois de muitos séculos. Com a
reforma juliana passou-se a considerar o ano com 365 dias, havendo a
intercalação de quatro em quatro anos de um ano com 366 dias, o que tornava na
média a duração do ano com 365,25 dias. Mas como o ano trópico tem 365 dias, 5
horas, 48 minutos e 47,5 segundos, restando, portanto, uma diferença de 11
minutos e 12,5 segundos, a cada quatro anos aumentava-se 24 horas, quando na
verdade deveria aumentar-se 23 horas, 15 minutos e 10 segundos. Com essa
diferença temos, a cada 128,5 anos, um atraso de um dia nas datas dos
equinócios e solstícios. Em 325 d.C., quando o Concílio de Nicea se reuniu para
definir a época da Páscoa, entre outros assuntos, já se havia percebido que o
equinócio da primavera, fixado por Júlio César para 25 de março, estava
ocorrendo já em 21 de março. Os bispos então refixaram o equinócio da primavera
para 21 de março nos anos comuns, e 20 de março nos anos bissextos. Mas isso
apenas atualizava o equinócio, não corrigindo ainda a duração do ano. Foi
somente em 1582 que o papa Gregório XIII (1512-1586) efetuou a reforma no
calendário, quando já havia um atraso de 10 dias da data do equinócio (estava
ocorrendo em 11 de março, ao invés de 21 de março). As modificações
introduzidas com a reforma gregoriana foram as seguintes: 1 - Supressão de dez
dias do calendário. O dia seguinte à quinta-feira, 4 de outubro de 1582, passou
a ser sexta-feira, 15 de outubro de 1582, para que o equinócio voltasse a
concordar com a deliberação do Concílio de Nicea. 2 - Ausência de anos
bissextos durante três anos em cada período de 400 anos. O primeiro destes
ciclos começou em 1600, que foi bissexto, mas 1700, 1800 e 1900 não foram
bissextos, já 2000 será. Desse modo, após três anos seculares comuns, haverá um
bissexto. Assim só serão bissextos os anos seculares divisíveis por 400. No
calendário juliano, todos os anos seculares eram bissextos. 3 - Contagem dos
dias através da designação dos números cardinais 1, 2, 3, ... pela ordem e
seguidamente (e não mais por calendas, nonas e idos).
Há ainda uma diferença residual de 2 horas, 43
minutos e 2 segundos a cada 400 anos, o que produz um acréscimo de um dia a
cada 3.532 anos. Isso deverá tornar bissexto o ano 4000, embora esta questão
não tenha sido tratada pela reforma gregoriana. Algumas publicações usam a
expressão "velho estilo" e "novo estilo", referindo-se a
ano juliano ou gregoriano, respectivamente. A reforma gregoriana não foi aceita
de imediato. Vários povos se opuseram a ela, principalmente os não católicos.
Os católicos, como Portugal e Espanha, aceitaram de imediato, em outubro de
1582; a França, em dezembro de l582; já a Alemanha e a Áustria, em 1584,
Hungria em 1587, Inglaterra em 1752, Suécia em 1753 e a Rússia em 1923. Esta
última teve que eliminar 13 dias do seu calendário.
A Era Cristã
Os romanos começavam a contagem dos anos a partir
da fundação de Roma, em 753 a.C. (era romana). Este sistema foi usado também
por povos conquistados pelos romanos por muito tempo, embora existissem outros
como a era Nabonassar ou a era César. No século VI d.C., um monge grego chamado
Dionísio propôs que se iniciasse a partir do nascimento de Cristo. Para tanto,
ele fez cálculos para saber em que ano Cristo teria nascido, o que era uma
tarefa muito difícil. Ao final, sugeriu que se começasse a era cristã a partir
do ano 754 da fundação de Roma. Passados 1.200 anos de Dionísio, os
cronometristas descobriram que ele havia cometido um erro de quatro anos para
menos, mas o sistema não foi alterado. Cristo nasceu provavelmente no ano 4
a.C. da era cristã.
A Semana
São necessários sete dias, aproximadamente, para a
Lua ir de uma fase a outra, e parece que esse foi o motivo para a semana ter
sete dias. Esta divisão era, ainda na Antigüidade, quase universal. Na Roma
antiga era chamada "Septmana" - sete manhãs. Os babilônios talvez
tenham sido os primeiros a utilizá-la. Eles deram como nomes desses dias os
mesmos dos planetas que conheciam (os cinco planetas visíveis a olho nu que
conhecemos hoje, acrescidos do Sol e da Lua). Esta prática, muito antiga, já
era usada pelos babilônios. Foi adotada pelos romanos e outros povos europeus
influenciados por estes.
Latim
|
Espanhol*
|
Francês*
|
Solis dies
|
Domingo
|
Dimanche
|
Lunae dies
|
Lúnes
|
Lundi
|
Martis dies
|
Martes
|
Mardi
|
Mercurie
dies
|
Miercoles
|
Mercredi
|
Jovis dies
|
Juéves
|
Jeudi
|
Veneris dies
|
Viernes
|
Vendredi
|
Saturni dies
|
Sábado
|
Samedi
|
Saxão**
|
Inglês
|
Alemão
|
Sun's day
|
Sunday
|
Sonntag
|
Moon's day
|
Monday
|
Montag
|
Tiw's day
|
Tuesday
|
Dienstag
|
Wonden's day
|
Wednesday
|
Mittwoch
|
Thor's day
|
Thursday
|
Donnerstag
|
Friga's day
|
Friday
|
Freitag
|
Saterne's day
|
Saturday
|
Samstag
|
Em espanhol e em francês foi alterada a
nomenclatura do domingo e do sábado; a justificativa é a mesma da língua
portuguesa (ver adiante).
Na língua saxã, Tiw, Wonden, Thor e Friga representam os deuses correspondentes na mitologia nórdica a Marte, Mercúrio, Júpiter e Vênus. Esta língua influenciou as línguas inglesa e alemã. Como vemos, os dias da semana estão ordenados da seguinte maneira: dia do Sol, dia da Lua, dia de Marte, dia de Mercúrio, dia de Júpiter, dia de Vênus e dia de Saturno. Notamos que aparentemente esta ordem não tem nenhum sentido. No sistema aristotélico, a ordem de afastamento dos "planetas" da Terra era: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Esta ordem foi corretamente deduzida pela velocidade destes astros na esfera celeste. Esta origem atribui-se ao hábito, na Antigüidade, de dedicar-se cada hora e cada dia a um planeta que influenciaria esta hora ou este dia. Os planetas eram ordenados do mais afastado para o mais próximo; o planeta que influenciaria a primeira hora do dia era também o planeta daquele dia. Por exemplo: o dia em que sua primeira hora fosse atribuída ao Sol era obviamente "dia do Sol", a segunda hora, a Vênus, a terceira, a Mercúrio, a quarta, a Lua, a quinta, a Saturno, a sexta, a Júpiter, e a sétima, a Marte. Aí se repetia o ciclo; a oitava ao Sol, e assim por diante. Para saber qual seria a primeira hora (e as seguintes) do dia, e conseqüentemente o "planeta do dia", usava-se a "estrela dos magos", ou heptacorda, uma figura cabalística. A língua portuguesa não dividiu os dias segundo o nome dos planetas, porque no começo do Cristianismo a Páscoa durava uma semana, sendo o trabalho reduzido ao mínimo possível e o tempo destinado exclusivamente a orações. Esses dias eram os feriaes, ou seja, feriados. Para enumerar os feriaes, começou-se pelo sábado, como os hebreus faziam. O dia seguinte ao sábado seria o feria-prima (domingo), depois seria o segunda-feria (segunda-feira), e assim por diante. O sábado origina-se de Shabbath, dia do descanso para os hebreus.
O imperador Flávio Constantino (280-337 d.C.), após
se converter ao Cristianismo, substituiu a denominação de Dies Solis ou Feria-prima
para Dominica (dia do Senhor), que por sua vez foi adotada por povos
latinos.
Latim litúrgico
|
Português
|
Dies Dominica
|
Domingo
|
Feria Secunda
|
Segunda-feira
|
Feria Tertia
|
Terça-feira
|
Feria Quarta
|
Quarta-feira
|
Feria Quinta
|
Quinta-feira
|
Feria Sexta
|
Sexta-feira
|
Sabbatum
|
Sábado
|