Texto Base: Atos 27 e 28
De
tempestade e mar o apóstolo entendia muito bem, pois naufragou três vezes e
passou uma noite e um dia em mar aberto (2 Coríntios 11.25 – “TRÊS VEZES FUI GOLPEADO COM VARAS, UMA VEZ APEDREJADO, TRÊS
VEZES SOFRI NAUFRÁGIO, PASSEI UMA NOITE E UM DIA EXPOSTO À FÚRIA DO MAR”.).
Neste episódio de Atos 27 narrado por
Lucas, a experiência do apóstolo nos ensina sobre a dinâmica da fé antes, durante
e depois da tempestade.
Antes
da tempestade é o tempo quando a fé é formada na consciência do propósito
de Deus e da luta na caminhada. A consciência do propósito havia sido formada
após o tumulto no Sinédrio quando Paulo estava ameaçado de morte e o Senhor lhe
disse: “SÊ CORAJOSO! ASSIM COMO DESTE TESTEMUNHO DA
MINHA PESSOA EM JERUSALÉM, DEVERÁ DE IGUAL MODO TESTEMUNHAR EM ROMA” - Atos 23.11. Essa palavra de Deus
trouxe-lhe a confiança do alvo que Deus tinha para ele ir a Roma. Nada
impediria isso. Fé não vem em cápsulas, nem pode ser comprada em qualquer tipo
de mercado. A fé que supera qualquer tempestade é construída e desenvolvida no
relacionamento com o Senhor. Paulo sabia muito bem isso. Talvez daí tenha
nascido sua declaração de que a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus (Romanos 10.17 – “CONSEQÜENTEMENTE,
A FÉ VEM POR OUVIR A MENSAGEM, E A MENSAGEM É OUVIDA MEDIANTE A PALAVRA DE
CRISTO”.). Sem ouvir a voz de Deus, a fé
não se forma. Ouvir a voz de Deus é o que constrói uma confiança inabalável.
Além da palavra de Deus, Paulo sabia ler as circunstâncias, tendo muita
consciência da luta que se aproximava, pois naquela época do ano aumentava o
risco da navegação pelo inverno que se aproximava: “SENHORES,
ANTEVEJO QUE ESSA VIAGEM SERÁ DESASTROSA, COM AVARIAS E MUITO PREJUÍZO, NÃO
APENAS EM RELAÇÃO À CARGA E AO NAVIO, MAS TAMBÉM PARA NOSSAS PRÓPRIAS VIDAS”. -
Atos 27.10.
Durante
a tempestade é o tempo quando a fé entra em operação diante do iminente
risco de naufrágio. Essa hora da verdade exige que nos lancemos inteiramente
nas mãos do Senhor, economizando e ganhando energia. A economia de energia vem
quando jogamos todo peso excedente ao mar (Atos 27.16, 19 – “PASSANDO AO SUL DE UMA PEQUENA ILHA CHAMADA
CLAUDA, FOI COM DIFICULDADE QUE CONSEGUIMOS RECOLHER O BARCO SALVA-VIDAS. - NO TERCEIRO DIA, LANÇARAM
FORA, COM AS PRÓPRIAS MÃOS, A ARMAÇÃO DO NAVIO”.), nos livramos
de tudo aquilo que consome tempo, atenção, energia para nos distrair do que
mais importa. Perdem-se os anéis, mas ficam os dedos. Lança-se a carga, mas
ficam as pessoas. Voltamo-nos ao essencial, ao que mais importa: as pessoas ao
redor. O barco precisa ficar leve para não nos afundar ainda mais. O ganho de
energia vem quando novamente recordamos o propósito de Deus, ouvindo nova voz
dos céus, mas, agora, em meio à tempestade: Ontem, durante a noite, apareceu-me
um anjo do Deus a quem pertenço e a quem sirvo, e comunicou-me: "PAULO, NÃO TEMAS! EIS QUE É IMPERATIVO QUE COMPAREÇAS DIANTE
DE CÉSAR, E, POR ISSO, DEUS, POR SUA GRAÇA, TE CONCEDEU A TUA VIDA E A DE TODOS
OS QUE ESTÃO NAVEGANDO CONTIGO" - Atos 27.23-24. Compartilhando essa
palavra, sua alma foi fortalecida, assim como de todos ali. Mas, além desse
alimento espiritual e emocional, Paulo exortou a todos que comessem para terem
forças para enfrentar o que viria adiante (Atos 27.34-38 - AGORA EU OS ACONSELHO A COMEREM ALGO, POIS
SÓ ASSIM PODERÃO SOBREVIVER. NENHUM DE VOCÊS PERDERÁ UM FIO DE CABELO
SEQUER". – (35) TENDO DITO
ISSO, TOMOU PÃO E DEU GRAÇAS A DEUS DIANTE DE TODOS. ENTÃO O PARTIU E COMEÇOU A
COMER. – (36) TODOS SE REANIMARAM E
TAMBÉM COMERAM ALGO. – (37) ESTAVAM
A BORDO DUZENTAS E SETENTA E SEIS PESSOAS.
– (38) DEPOIS DE TEREM COMIDO ATÉ FICAREM SATISFEITOS, ALIVIARAM O PESO DO
NAVIO, ATIRANDO TODO O TRIGO AO MAR.).
Depois
da tempestade é o tempo de colheita dos frutos da fé, mesmo em meio à luta
que continua, mas dentro do propósito do Senhor. A luta continua, mesmo depois
de sobreviver à tempestade. Isso mesmo, depois da tempestade, vem a picada da
cobra. “MAS O SENHOR TRAZ LIVRAMENTO E PAULO A SACODE E
ELA CAI NO FOGO, NÃO LHE CAUSANDO MAL ALGUM” - Atos 28.5. A tempestade e o episódio da cobra trouxeram a
Paulo autoridade espiritual. Todos passaram a ouvi-lo com muita atenção. Seu
ministério cresce no meio daquele povo que passa a receber cura e salvação.
Depois de Malta, finalmente chega a Roma onde, por dois anos completos, Paulo
permaneceu na casa que havia alugado, e recebia a todos quantos o procuravam.
Pregava incansavelmente o Reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus
Cristo, com toda liberdade, sem o mínimo impedimento (Atos 28.30-31 – “POR DOIS ANOS INTEIROS PAULO PERMANECEU NA
CASA QUE HAVIA ALUGADO, E RECEBIA A TODOS OS QUE IAM VÊ-LO. - PREGAVA O REINO
DE DEUS E ENSINAVA A RESPEITO DO SENHOR JESUS CRISTO, ABERTAMENTE E SEM
IMPEDIMENTO ALGUM”.).
O propósito de Deus na vida de Paulo foi cumprido integralmente na salvação e
edificação de vidas impactando profundamente muito além das fronteiras e do
tempo do império romano.
A fé
nasce antes da tempestade, cresce em meio a ela e traz grande satisfação para
toda a vida que vem depois dela. Não é qualquer tipo de fé, mas aquela que
confia sem jamais desconfiar, espera sem jamais desesperar, torna-se inabalável
quando tudo se abala, entende o inexplicável, crê no incrível, vê o invisível.
Vamos pois desenvolver um relacionamento de intimidade com o Senhor, antes
mesmo da tempestade. Quando ela chegar, estaremos fortalecidos na fé para
experimentar o livramento do Senhor e seguir ao destino que ele tem preparado
para nós.
RESUMO DA NARRATIVA:
Paulo
tinha ido preso em Jerusalém. Como seus inimigos cresciam na fúria, Festo
decidiu encaminhá-lo para Roma, como o apóstolo havia apelado. Para evitar
riscos, enviou-o para o porto de Cesareia sob a guarda do centurião Júlio.
Paulo e outros prisioneiros são colocados a bordo de um navio saindo de
Cesareia a caminho da província da Ásia. Fazem a primeira parada em Sidom e
Júlio permite Paulo visitar seus amigos. De lá, o navio segue pela costa de
Chipre até o porto de Mira, na Lícia. Os ventos contrários sopram forte, e,
lentamente o navio prossegue para Cnido e depois para o sul de Creta, aportando
em Bons Portos. Neste momento Paulo aconselha o centurião, o piloto e o capitão
a ficarem ali. Ninguém o ouve e decidem seguir a viagem. Ao saírem da ilha de
Creta, são surpreendidos por um tufão chamado Euroaquilão, empurrando o navio
na direção sudoeste. Duas semanas se seguem de tempestade. A tripulação lança
ao mar a carga e o navio fica a deriva. As pessoas a bordo perdem a esperança
de se salvarem. Em meio à tempestade, o anjo do Senhor aparece a Paulo.
Fortalecido, ele traz uma palavra de ânimo a todos, confirmando que ninguém
morreria, orientando a que todos comessem. Paulo pega o pão, dá graças a Deus e
parte com todos. Alimentados, lançam ao mar o trigo. Ao clarear do dia, o navio
bate em um arrecife. Nadando ou agarrando-se nas tábuas do navio que se desfaz,
todos chegam à praia de Malta, sãos e salvos.
FONTE DE INFORMAÇÕES:
Site: www.institutojetro.com
Autor: Rodolfo Garcia Montosa
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