Pragmatismo é a noção de que o
significado ou o valor é determinado pelas consequências práticas. É muito
similar ao utilitarismo, a crença de que a utilidade estabelece o padrão para
aquilo que é bom. Para um pragmatista/utilitarista, se uma determinada técnica
ou um curso de ação resulta no efeito desejado, a utilização de tal recurso é
válida. Se parece não produzir resultados, então não tem valor.
O pragmatismo tem suas raízes no
darwinismo e no humanismo secular. É inerentemente relativista, rejeitando a
noção dos absolutos – certo e errado, bem e mal, verdade e erro. Em última
análise, o pragmatismo define a verdade como aquilo que é útil, significativo e
benéfico. As ideias que não parecem úteis ou relevantes são rejeitadas como
sendo falsas.
Quando o pragmatismo é utilizado para
formularmos juízos acerca do certo e do errado ou quando se torna a filosofia
norteadora da vida, da teologia e do ministério, acaba, inevitavelmente,
colidindo com as Escrituras. A verdade espiritual e bíblica não é determinada
baseando-se no que “funciona” ou no que não “funciona”. Sabemos por intermédio
das próprias Escrituras, por exemplo, que o evangelho frequentemente não produz
uma resposta positiva (I Co 1:22-23 - OS JUDEUS PEDEM SINAIS MIRACULOSOS, E OS GREGOS
PROCURAM SABEDORIA; NÓS, PORÉM, PREGAMOS A CRISTO CRUCIFICADO, O QUAL, DE FATO,
É ESCÂNDALO PARA OS JUDEUS E LOUCURA PARA OS GENTIOS; I Co.
2:14 - QUEM NÃO TEM O ESPÍRITO
NÃO ACEITA AS COISAS QUE VÊM DO ESPÍRITO DE DEUS, POIS LHE SÃO LOUCURA; E NÃO É
CAPAZ DE ENTENDÊ-LAS, PORQUE ELAS SÃO DISCERNIDAS ESPIRITUALMENTE.). Por outro lado, as mentiras
satânicas e o engano podem ser bastante eficazes (Mt 24:23-24 - SE, ENTÃO, ALGUÉM LHES
DISSER: VEJAM, AQUI ESTÁ O CRISTO! OU: ALI ESTÁ ELE! NÃO ACREDITEM. -
POIS APARECERÃO FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS QUE REALIZARÃO GRANDES SINAIS
E MARAVILHAS PARA, SE POSSÍVEL, ENGANAR ATÉ OS ELEITOS; II Co 4:3-4 - MAS SE O NOSSO EVANGELHO ESTÁ ENCOBERTO, PARA OS QUE ESTÃO PERECENDO É
QUE ESTÁ ENCOBERTO. - O DEUS DESTA ERA CEGOU O ENTENDIMENTO DOS DESCRENTES,
PARA QUE NÃO VEJAM A LUZ DO EVANGELHO DA GLÓRIA DE CRISTO, QUE É A IMAGEM DE
DEUS.).
A reação da maioria não é um parâmetro
seguro para determinar o que é válido (Mt 7:13-14 -
ENTREM PELA PORTA ESTREITA,
POIS LARGA É A PORTA E AMPLO O CAMINHO QUE LEVA À PERDIÇÃO, E SÃO MUITOS OS QUE
ENTRAM POR ELA. - COMO É ESTREITA A PORTA, E APERTADO O CAMINHO QUE LEVA À
VIDA! SÃO POUCOS OS QUE A ENCONTRAM.),
e a prosperidade não é uma medida para a veracidade (Jó 12:6 - AS TENDAS DOS
SAQUEADORES NÃO SOFREM PERTURBAÇÃO, E AQUELES QUE PROVOCAM A DEUS ESTÃO
SEGUROS, AQUELES QUE TRANSPORTAM O SEU DEUS EM SUAS MÃOS.). O pragmatismo como uma
filosofia norteadora do ministério é inerentemente defeituoso e como uma prova
para a veracidade é satânico.
Para muitos, a quantidade de pessoas
nos cultos tornou-se o principal critério para se avaliar o sucesso de uma
igreja, aquilo que mais atrai o público é aceito como “bom”, sem uma análise
crítica. Isso é pragmatismo.
Pior ainda, a teologia concede à
metodologia lugar de honra. Na igreja contemporânea, tudo parece estar na moda,
exceto a pregação bíblica! Assim, o pragmatismo representa para a igreja de
hoje exatamente a mesma ameaça sutil que o modernismo representou há quase um
século. O modernismo começou como uma metodologia, mas logo se tornou uma
teologia singular.
Ao menosprezar a importância da
doutrina, o modernismo abriu a porta para o liberalismo teológico, o
relativismo moral e a incredulidade aberta! Se existe algo que a história nos
ensina é que os ataques mais devastadores desfechados contra a fé sempre
começaram com erros sutis surgidos dentro da própria igreja.
Por viver em uma época tão instável, a
igreja não pode se dar ao luxo de vacilar. Ministramos a pessoas que buscam
desesperadamente respostas; por isso, não podemos amenizar a mensagem ou
abrandar o evangelho. Se fizermos amizade com o mundo, nos tornaremos inimigos
de Deus. Se nos dispusermos a crer em artifícios mundanos, estaremos
automaticamente abrindo mão do poder do Espírito Santo.
A fraqueza da pregação em nossos dias
não brota de lábios excêntricos e frenéticos que discursam sobre o inferno;
resulta de homens que comprometem a mensagem e temem proclamar a Palavra de
Deus com poder e convicção. A igreja certamente não manifesta uma
superabundância de pregadores sinceros e objetivos; de fato, ela parece repleta
de ministros que adulam os homens (Gl 1:10 - ACASO BUSCO EU AGORA A APROVAÇÃO DOS HOMENS OU A DE
DEUS? OU ESTOU TENTANDO AGRADAR A HOMENS? SE EU AINDA ESTIVESSE PROCURANDO
AGRADAR A HOMENS, NÃO SERIA SERVO DE CRISTO.).
Sutilmente, em vez de uma vida
transformada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade de pessoas
presentes aos cultos o que vem se tornando o alvo maior da igreja
contemporânea.
Contudo, devemos estar conscientes de
que tamanho de igreja não é sinônimo da bênção de Deus; e a popularidade não é
barômetro de sucesso. O verdadeiro sucesso não é prosperidade, poder,
proeminência, popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso.
Sucesso genuíno é fazer a vontade de Deus apesar das consequências!
Muitos cristãos professos aparentam se
importar mais com a opinião do mundo do que com a de Deus. As igrejas
manifestam tanta preocupação em agradar os não-crentes, que muitas esqueceram
que seu primeiro propósito é agradar a Deus (II Co 5:9). A igreja se
contextualizou a tal ponto, que se deixou corromper pelo mundo.
Nós, que amamos o Senhor e à sua
igreja, não devemos ficar assentados enquanto a igreja ganha ímpeto em direção
ao declínio que leva ao mundanismo e ao comprometimento do evangelho. Homens e
mulheres pagaram com seu próprio sangue o preço de passarem a nós uma fé
genuína. Agora é a nossa vez de preservarmos a verdade; e esta é uma tarefa que
requer coragem, sem compromisso com o erro. Trata-se de uma responsabilidade
que exige devoção inabalável a um propósito muito específico!
FONTE DE INFORMAÇÕES:
Autor: John F. McArthur Jr., Com Vergonha do
Evangelho, (São José dos Campos, SP. Editora Fiel, 1997). Trechos selecionados
dos três primeiros capítulos.
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