Todos os
que estamos engajados no exercício do ministério pastoral não chegamos a este ponto por mérito
pessoal. Esta era a certeza do apóstolo Paulo ao dizer:
"Não que
sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se viesse de nós mesmos, mas a
nossa capacidade vem de Deus. Foi ele quem nos capacitou para sermos ministros
de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o
Espírito dá vida" (2 Co 3.5,6).
Era
também a convicção de Moisés quando o Senhor o chamou para tirar o povo que
estava escravizado no Egito: "Quem sou eu para ir ao faraó e
tirar os israelitas do Egito?" (Ex 3.11). Nesta mesma circunstância, Moisés justifica:
"Ah, Senhor! Eu nunca
fui bom orador, nem antes, nem agora, que falaste ao teu servo, pois sou pesado
de boca e pesado de língua" (Ex 4.10). Temos a consciência do profeta Jeremias: "Então eu disse: Ah, Senhor Deus! Eu não sei falar, pois sou apenas
um menino".
Paulo, Moisés e Jeremias: os inadequados?
Estes
homens sabiam do que estavam falando. Eles não se sentiam adequados para a missão sem o imprimatur do
Senhor. Na verdade, eles se consideravam inadequados para a tarefa de tamanha envergadura.
Eram tomados de temor e de grande tremor. Sabiam quem os estava vocacionando.
Vez por outra somos tomados de um espírito critico em nossa percepção da
experiência deles. Não devemos ter dúvida de que eram homens sinceros,
humildes, conscientes de suas limitações. Precisamos observar com cuidado
e discernimento a história desses homens. Eram de carne e osso e sujeitos as
mesmas paixões que Elias, o profeta, e nós (Tg 5.17).
Quando
falamos que somos inadequados para o ministério, precisamos
saber, de fato, o que significa esta palavra. Azevedo, no seu precioso
Dicionário Analógico, nos dá o significado correto: "Impotência, falta de vigor, mela,
incapacidade, insuficiência, inaptidão, ineptidão, ineficácia, ineficiência,
inocuidade, incompetência, desclassificação, inidoneidade, inutilidade, insucesso" (Azevedo, 2010:59). Todas as palavras apontam
para a nossa realidade de limitações e fraqueza; profunda consciência de
nossa deficiência.
Não
devemos ser pessimistas, mas realistas, conscientes de nossa profunda incapacidade para
a missão dada por Deus. Quantas vezes somos contaminados pela arrogância,
autossuficiência. Não compreendemos o quanto somos impotentes sem o Senhor. A graça de Deus não
opera na prepotência, mas na humildade. Diante de Deus não nos arrogamos, mas
nos humilhamos. Aos amados Paulo, Moisés e Jeremias, o Senhor revelou a Sua
suficiência. Conhecemos o pensamento sábio que diz: "Deus não chama os capacitados,
mas capacita os chamados". Esta realidade está na resposta que o
Senhor deu a Paulo, Moisés e Jeremias ( 2 Co 3.6; Ex 3.12,13; 4.11,12; Jr 1.7-12). O
que o Senhor quer de nós é que sejamos obedientes.
As
respostas de Paulo, Moisés e Jeremias revelam a consciência de que eram inaptos para o exercício do ministério de pregar o evangelho, liderar e
profetizar, respectivamente. O pastor é aquele que lidera, profetiza (prega a
Palavra como ela é, iluminado pelo Espírito Santo), pavimenta humildemente a
estrada para a vinda de outros e prega o evangelho de Cristo com profunda
convicção. Moisés, Jeremias e Paulo não eram mascotes, mas profetas de Deus
para falar a Palavra de Deus ao povo. Eram comprometidos com o Deus da Palavra
e de palavra. O Deus que honra a Sua Palavra. Ele falou, está falado. O Deus
que se revelou na história de forma estupenda. Sabemos que Moisés era pesado de
língua; Jeremias se achava uma criança; e Paulo não se sentia capaz para a missão, mas cria que Deus podia perfeitamente,
como o fez, usá-lo para a Sua glória na pregação do evangelho de Jerusalém a
Roma, do oriente ao ocidente.
Homens,
cujas histórias foram edificantes e motivadoras em nossa formação cristã.
Moisés foi usado para tirar o povo do Egito; Jeremias exerceu o profetismo com
integridade e Paulo foi o grande disseminador do evangelho de Jesus Cristo no
mundo de então. A influência deles chegou até nós. Deus usa homens limitados, cheios de deficiências para cumprir o Seu propósito em Cristo
Jesus.
Olhando os exemplos e para Quem nos capacita
Neste
tempo de tanta arrogância e vaidade por parte de líderes ditos evangélicos,
precisamos fazer uma leitura meditativa da vida dos personagens bíblicos que se
tornaram instrumentos preciosos de Deus na história da Revelação. Lermos
detidamente biografias de homens e mulheres recentes, mas que impactaram seus
contextos de forma exuberante. Como precisamos olhar para os pastores simples,
homens de Deus, que tiveram e têm ministérios abençoadores!
Homens
que não amealharam bens nesta terra, mas tesouro no céu. Que foram exemplos de
amor, compaixão, sensibilidade, misericórdia, graça e mansidão. Homens
intrépidos e ousados na pregação do genuíno evangelho. Que não se acovardaram,
não temeram homens, mas somente o Senhor. Que não negociaram os valores do
Reino de Deus.
Que
sejamos líderes, pastores, comprometidos com a mensagem da cruz. Adequados pelo Senhor para o exercício do ministério. Não
tenhamos receio de pregar a verdade. Que não nos intimidemos com as ameaças,
mas sejamos íntegros em todo o nosso procedimento. Busquemos intensamente uma
vida de santificação, uma vida semelhante a de Cristo Jesus. Cuidemos de nossas
famílias e das famílias da Igreja com amor e zelo à semelhança do Mestre.
Que o
Senhor nos encha de paixão pelas almas perdidas. Que aproveitemos muito bem
cada oportunidade para testemunharmos vigorosamente de Cristo Jesus. Não nos
cansemos de fazer o bem em todo o tempo. Que, acima de tudo, Deus, nosso Pai
tão amoroso e sublime, seja glorificado em nossos ministérios!
FONTE DE INFORMAÇÃO:
Site: www.institutojetro.com
Autor: Oswaldo Luiz Gomes Jacob
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