A Parábola do Bom Samaritano foi
proferia por Jesus em resposta à pergunta: “Quem é o meu próximo?”, proferida
por um intérprete da Lei “querendo justificar-se”.
Lc. 10:29 – MAS ELE,
QUERENDO JUSTIFICAR-SE, PERGUNTOU A JESUS: E QUEM É O MEU PRÓXIMO?
Ora, justificar-se do quê? Da
observância equivocada que ele e a mentalidade prevalecendo na época faziam do
mandamento: Lc.
10:27 – “... AME O SENHOR, O SEU DEUS, DE TODO O SEU CORAÇÃO, DE TODA A SUA
ALMA, DE TODAS AS SUAS FORÇAS DE TODO O
SEU ENTENDIMENTO E AME O SEU PRÓXIMO
COMO A SI MESMO”.
A interpretação que aquele homem
fazia desse mandamento era a usual na época: amar somente os meus amigos, e não
os meus inimigos, como o próprio Jesus lembrou e condenou em Seu Sermão da
Montanha.
Lc. 6:32 – 36 – QUE MÉRITO
VOCÊS ERÃO, SE AMAREM AOS QUE OS AMAM? ATÉ OS PECADORES AMAM AOS QUE AMAM. – (33) E QUE MÉRITO TERÃO, SE FIZEREN
O BEM ÁQUELES QUE SÃO BONS PARA COM VOCÊS? ATÉ OS PECADORES AGEM ASSIM. – (34) E QUE MÉRITO TERÃO, SE
EMPRESTAREM A PESSOAS A QUEM ESPERAM DEVOLUÇÃO? ATÉ OS PECADORES EMPRESTAM A
PECADORES, ESPERANDO RECEBER DEVOLUÇÃO INTEGRAL. – (35) AMEM, PORÉM, OS SEU INIMIGOS, FAÇAM-LHES O BEM E EMRESTEM A
ELES, SEM ESPERAR RECEBER NADA DE VOLTA.
ETÃO A RECOMPENSA QUE TERÃO SERÁ GRANDE E VOCÊ SERÃO FILHOS DO
ALTÍSSIMO, PORQUE ELE É BONDOSO PARA COM OS INGRATOS E MAUS. – (36) SEJAM MISERICORDIOSOS, ASSIM
COMO O PAI DE VOCÊS É MISERICORDIOSO.
Aquele intérprete da Lei abordou
Jesus com a pergunta: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna? – Lc. 10:25 – CERTO
OCASIÃO, UM PERITO NA LEI LEVANTOU-SE PARA PÔR JESUS À PROVA E LHE PERGUNDOU:
MESTRE, O QUE PRECISO FAZER PARA HERDAR A VIDA ETERNA?, com o intuito de
“pôr Jesus em provas”, em teste. O que Jesus fez?
Devolveu-lhe a pergunta: “Que está escrito na lei? Como
Interpretas?” (Lc. 10:26). Note: Como interpretas? Ou seja: Você
é um “interpretes da Lei”, um nomikos
(no grego) da Lei, isto é, “um advogado da Lei”, um respeitado teólogo judeu,
então me diga você, que é bom de interpretação, como interpretas?
Quando aquele homem citou “AME O SENHOR, O SEU DEUS, DE TODO O SEU CORAÇÃO, DE TODA A
SUA ALMA, DE TODAS AS SUAS FORÇAS DE
TODO O SEU ENTENDIMENTO E AME O SEU PRÓXIMO COMO A SI MESMO” – (Lc. 10:27), Jesus disse-lhe: “Respondeste corretamente; faze isto
e viverás” (Lc. 10:28). Isto
é: A doutrina está correta, o comportamento é que não está. Você está
doutrinamente correto, como é de esperar. Ortodoxia nota 10! Mas falta ainda
cumprir o mandamento, praticá-lo, materializar em atos sua ortodoxia.
Ora, se aquele homem respondesse
biblicamente errado, Jesus o corrigiria. Mas não foi o caso. Aquele homem
respondeu corretamente e Jesus destacou isso.
Alias, Jesus nunca teve problemas com a ortodoxia de muitos de seus
opositores, mas sim, com o que ficou conhecido como “farisaísmo”: hipocrisia,
falsidade, divórcio entre doutrina e prática, fé em Deus de fachada, arrogância
religiosa, interpretações equivocadas do texto bíblico só para satisfazer egos
e gostos pessoais etc.
Esse era o caso daquele intérprete
da Lei. Tanto é que, quando tudo já estava resolvido, aquele homem quis “justificar-se”,
diz o texto bíblico (Lc. 10:29), perguntando “Quem é o meu próximo?”.
Por que justificar-se fazendo essa
pergunta? Será que foi por que ele se sentiu fazendo uma pergunta boba, cuja
resposta seria óbvia demais, e agora queria justificar-se dizendo: “É que eu
tenho dúvida acerca de quem é meu próximo...”?
Não. A pergunta original era uma
espécie de teste de ortodoxia mal intencionada (Lc. 10:25). Ele queria colocar Jesus
em xeque, mas Jesus foi quem o colocou em xeque.
A resposta daquele homem a Jesus,
provocada pelo Mestre, confrontou-o com sua própria crença, confrontou seus
atos com suas palavras, sua prática com sua doutrina. Mostrou-lhe que a diferença dele e de seus
colegas não era saber como herdar a vida eterna, pois disso eles sabiam em
essência, mas, si, a falta de disposição deles em realmente fazer o que
precisava ser feito para herdar a vida eterna. (Lc. 10:28 – “Faze isto
e viverás”).
O problema dos fariseus não era
tanto saber o que era certo, mas cumprir o que sabiam que era certo, responder
corretamente, em atos, ao que sabiam que era a verdade. Vide o caso da blasfêmia contra o Espírito
Santo, a qual Jesus denunciou nos fariseus (Mt. 12:22 – 32). Só blasfema contra
o Espírito Santo quem está consciente do que está fazendo. O pecado da
blasfêmia dos fariseus é que eles sabiam que Jesus fazia seus milagres pelo Espírito
Santo, mas, mesmo assim, atribuíam propositalmente esses milagres ao diabo. Era
algo consciente.
Ou seja, o problema dos fariseus não
era tanto ortodoxia, mas a falta de prática dessa ortodoxia, ausência de
ortopraxia. Muitas pessoas sabem o que
diz a Bíblia, são grandes conhecedores da doutrina bíblica, mas são falhos e
flexíveis no cumprimento dela e tentam se justificar: só cumprem corretamente o
que lhes interessa, e isso denota falta de comunhão com Deus, de relacionamento
com Ele, o que provoca essas coisas.
É por isso que Jesus disse no Seu
Sermão da Montanha: Mt. 5:20 – “SE A VOSSA
JUSTIÇA NÃO EXCEDER EM MUITO A DOS ESCRIBAS E FARISEUS, JAMAIS ENTRAREIS NO
REINO DOS CÉUS”.
Enfim a Parábola do Bom Samaritano na
é uma parábola que afirma que atitudes corretas são mais importantes do que
doutrinas corretas. Não, as duas são
igualmente importantes! E precisam andar juntas. Enquanto o sacerdote e o levita,
de quem se esperava mais do que ninguém que agissem corretamente, não
fizeram. Tinham a doutrina correta, mas
a prática errada.
Para entendermos melhor essa
parábola, digamos que ela fosse contada hoje, em nossos dias, mas da seguinte
forma: no lugar do sacerdote e do levita, falemos de um pastor e um obreiro; e,
no lugar do samaritano, coloquemos um espírita.
Ora, o fato de o espírita ter feito a coisa certa e o pastor e o obreiro
terem feito a coisa errada significa que o espírita, em toda a sua crença, está
correto doutrinamente? Não. Está dizendo que:
1ª
- Não basta ter doutrina certa, é
preciso também vivê-la, praticá-la – “Faze isto e viverás” (Lc. 10:28).
2ª
- Os descrentes muitas vezes são mais prudentes do que os crentes. Ainda hoje não é assim?
No dia-a-dia, não assistimos, de vez
em quando, versões da Parábola do Bom Samaritano, quando até mesmo uma pessoa
descrente age mais coerentemente em determinada situação do que um cristão, de
quem se esperaria uma atitude coerente com sua fé?
Portanto, a Parábola do Bom
Samaritano claramente não é um desprezo ou demérito à ortodoxia, mas uma forma
prática de ilustrar a importância da ortodoxia com ortopraxia, da fé com
obras. Obras sem fé é errado. Fé sem obras também. O correto, o defendido pelas Escrituras, é fé
com obras. Ortodoxia com ortopraxia e
não ortopraxia com ortopraxia e não ortopraxia acima da ortodoxia. Até porque é possível ortodoxia sem
ortopraxia, mas é impossível completa ortopraxia sem ortodoxia.
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